sexta-feira, 26 de abril de 2024

John Lennon – Unfinished Music No. 1: Two Virgins

O primeiro álbum solo da carreira de John Lennon também foi um dos mais polêmicos. Há tempos ele vinha ao lado de Yoko Ono procurando por outro tipo de sonoridade que não tivesse necessariamente a ver com música ou notas musicais. Lennon chamou essas experiências de “sons experimentais”. Esse tipo de gravação já havia aparecido na discografia dos Beatles, na faixa “Revolution 9”, mas Lennon queria ir além. Nada de melodia, nada de letras, apenas sons ao acaso, colhidos do ambiente, gritos, risadas, sons distorcidos, loucura, êxtase, clímax. Assim que apareceu com seu novo projeto para a gravadora EMI ouviu um sonoro “Não” dos executivos! Aquilo nunca foi a proposta da gravadora, não tinha nada a ver com os Beatles e tudo soava estranho demais.

Lennon não desistiu e nem recuou. Pelo contrário radicalizou o projeto e quis que na capa ele e Yoko Ono surgissem nus, um ao lado do outro. Na contracapa a mesma coisa, só que o casal surgiria de costas para a câmera. Completamente pelados! Lennon queria testar os limites, saber até onde poderia ir antes de sofrer censura ou repressão. A cultura hippie estava no auge, a peça "Hair" com o elenco completamente nu era um sucesso e Lennon queria trazer aquele tipo de postura para sua discografia! O fato do casal estar nu causou um problema e tanto nas lojas de discos. Alguns donos mandaram colocar uma tarja preta nos órgãos sexuais de John e Yoko, outros embrulharam o disco em uma capa de papelão só aparecendo o rosto dos pombinhos. O departamento de justiça inglês proibiu a venda para menores de 18 anos e o disco foi considerado obsceno em vários países. No Brasil, em plena ditadura, nunca foi lançado. Circulou apenas entre os fãs mais obcecados pelos Beatles.

Por motivos contratuais o álbum só seria lançado com o aval dos demais Beatles (o grupo ainda existia e John só poderia lançar algo com a autorização dos demais integrantes da banda). Ringo Starr foi um dos que mais se incomodou com tudo. “Não importa que fosse apenas o John e a Yoko, pois todos nós (os Beatles) teríamos que responder por aquilo”. Paul McCartney também achou radical demais mas ao mesmo tempo entendeu que aquilo tinha a ver com a arte de Yoko Ono e seu modo de pensar e não queria se meter em assuntos do casal. Já George Harrison achou tudo uma grande palhaçada de John mas autorizou o lançamento do disco. Para demonstrar que estava à vontade com tudo aquilo Paul McCartney, a pedido de Lennon, escreveu uma frase para colocar na capa do álbum que dizia: “Quando dois santos se encontram, a experiência nos torna mais humildes. A longa batalha irá provar que ele era um santo”.

Lennon defendeu o disco em várias entrevistas afirmando que "não existem problemas em um casal ficar nu na frente das pessoas". Também disse que os tais "sons experimentais" seriam o futuro da música. Em sua forma de pensar as pessoas no futuro estariam ouvindo os gritos de Yoko Ono e não música clássica ou algo parecido! “Two Virgins” não é um disco fácil. Há muitos sons, assovios, batidas, frases desconexas, violões desafinados, conversações sem sentido, distorções, miados de Yoko, palmas, muita gritaria e nenhuma música. O material todo soa como um grande delírio sob efeitos de drogas. A LSD é obviamente uma experiência que influenciou esse tipo de coisa. Apenas os fãs mais radicais de Lennon vão apreciar. Para os demais fica apenas a curiosidade de conhecer uma das maiores excentricidades da vida de John Lennon, um sujeito que poderia ser muitas coisas mas não um cara muito normal!

John Lennon – Unfinished Music No. 1: Two Virgins (1968)
Two Virgins, Side One
Two Virgins Side Two
Remember Love

Pablo Aluísio.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Rolling Stones - Satisfaction

Eis a canção mais popular da carreira dos Stones. Chegou ao mercado pela primeira vez em 1965 e acertou em cheio no gosto dos jovens da época. A letra, temos que convir, não é a força motriz da música, mas sim sua linha melódica. São apenas três notas, compostas por Keith Richards, mas o que parece tão singelo é até hoje considerado um dos mais pegajosos riffs de guitarra da história do rock. Vai direto ao ponto e uma vez ouvida jamais será esquecida - afinal de contas esse é o grande segredo do sucesso. Embora seja creditada a Mick Jagger e Keith Richards a verdade é que a dupla mantinha um pacto ao estilo Lennon e McCartney, ou seja, mesmo que a canção fosse composta por apenas um deles, ambos levariam o crédito. Richards em algumas entrevistas enfureceu Jagger ao dizer que ele não tinha contribuído em nada na criação de "(I Can not Get No) Satisfaction". Para Keith essa é uma filha de um pai apenas, claro que ele mesmo!

Hoje, passado tantos anos, não há como saber quem tem ou não razão. A letra, que repito, não é grande coisa, tenta falar sobre frustração sexual e materialismo. Curiosamente existem rumores que os Stones estavam prontos a arquivar a canção. Sua salvação veio justamente pelo fato de ter entrado dentro do projeto do disco "Out of Our Heads", um dos mais interessantes trabalhos do grupo em sua primeira fase, ainda na onda do "Yeah, Yeah, Yeah" dos Beatles. Uma vez gravada - de forma impecável em minha opinião - o single chegou nas rádios, porém as grandes corporações inglesas de comunicação acharam a letra muito vulgar e obviamente ofensiva. Coube então as pequenas rádios (e as piratas) divulgarem o novo single.

Quando o sucesso pegou e não houve mais como ignorar, nem a poderosa BBC conseguiu jogá-la para debaixo do tapete. Falar hoje em dia da importância da música dentro da história do rock inglês é chover no molhado. Afinal ela foi eleita a segunda maior canção de rock já escrita dentro da lista da Rolling Stone (a revista) em sua edição comemorativa das "500 Maiores Músicas de Todos os Tempos". Listas são sempre idiotas, mas no caso dessa aqui serve ao menos para mostrar a importância desse rock dentro do mais popular estilo musical da história.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

The Doors - L.A. Woman

O disco final da banda The Doors, "L.A.Woman", foi gravado em oito canais entre dezembro de 1970 a fevereiro de 1971, no Doors Workshop (Hollywood, CA). Esse era um estúdio pequeno, improvisado no escritório do grupo. Logo no começo dos ensaios Jim percebeu que o som ficava ótimo dentro do banheiro e sugeriu que toda a banda fosse para dentro do sanitário! Com a recusa dos demais membros da banda, o Rei Lagarto não se fez de rogado, gravou todas as faixas sentado em um banquinho ao lado da privada... O disco foi lançado oficialmente nos EUA no final de abril de 1971. A produção ficou com Bruce Botnick e os próprios The Doors. Panelinha nativa.

Mesmo contendo três das canções mais famosas dos Doors (a faixa título, Love Her Madly e Riders on the Storm) e ter sido um dos discos mais vendidos da banda (fazendo deles o primeiro grupo de rock americano a receber sete discos de ouro consecutivos), "L.A. Woman" é uma obra que pode não ser rapidamente digerida pelos admiradores do grupo. Como Morrison Hotel já dava sinais, os Doors haviam se transformado mais do que nunca numa banda de blues, e esse último lançamento é basicamente todo dedicado a esse estilo. A diferença pode ter sido acentuada com a saída do produtor Paul Rothchild, que não gostou do que ouviu nos ensaios das novas canções e decidiu se afastar dos Doors.

Assim, resolveram produzir a si mesmos com o auxílio de Bruce Botnick, que havia sido o engenheiro de gravação dos outros discos, e prepararam o novo álbum em um estúdio improvisado no escritório da banda. Num ambiente calmo e familiar (os vocais eram feitos no banheiro, que possuía uma melhor acústica), prepararam as faixas no chamado "estúdio ao vivo", onde todos os instrumentos são tocados e gravados ao mesmo tempo, como num show. O resultado foi simples e excelente, uma grandiosa despedida de Jim Morrison. Curiosidade: o nome Mr. Mojo Risin', repetido diversas vezes durante a canção L.A. Woman, é um anagrama de Jim Morrison. Reordenando as letras é possível formar o nome do vocalista. Além disso é o nome de uma entidade de vodu, muito em voga na cidade de New Orleans, no sul dos EUA.

1. The Changeling (Jim Morrison) - Para muitos essa canção chamada "The Changeling' é um blues visceral. Para outros o único funk feito por brancos que valeu a pena ouvir (pelo amor de Deus, estamos falando aqui do funk americano verdadeiro, não daquelas coisas que são chamadas de funk no Rio de Janeiro e demais cidades pelo Brasil afora!). No final das contas não importa a exata classificação da música, o que importa mesmo aqui é a bela performance de Morrison (visivelmente "alto", dando gritos de empolgação) e sua banda. Curiosamente apesar de ser muito bem executada, com ótimo arranjo, a canção não deu muito trabalho aos Doors. Em poucos takes eles chegaram na versão definitiva. E pensar que esses ótimos solos de guitarra de Robby Krieger foram alcançados quase de primeira mão dentro do estúdio. Virtuosismo pouco é bobagem.

2. Love Her Madly (Robby Krieger) - "Love Her Madly" acabou sendo escolhida para ser uma das músicas de divulgação do álbum. Com ritmo nitidamente alegre e simpático, com a cara de Krieger, realmente parecia ser a ideal para virar um hit das rádios. A canção tem algumas paradinhas em sua melodia típicas para se ouvir nas praias californianas. Tudo muito soft e relax. Por ter essa característica tão comercial, digamos assim, não a colocaria entre as grandes faixas desse álbum. Dançante, com bom arranjo, mas em essência simplória demais para estar à altura das outras mensagens de Morrison e sua mente privilegiada. Jim aliás a achou "engraçadinha" demais da conta, mas como gostava de Krieger a gravou sem causar maiores problemas para seu amigo de banda.

3. Been Down So Long (Jim Morrison) - Depois começamos a ouvir os primeiros acordes de "Been Down So Long". Vamos aos fatos: Jim estava interessado mesmo em cantar blues nessas sessões. Embora isso de certa forma aborrecesse o batera Densmore, Morrison queria mesmo se entregar de corpo e alma ao ritmo. Essa "Been Down So Long" é o primeiro grande blues do disco. Morrison visivelmente entregue, se farta com uma canção extremamente bem arranjada, com os demais membros do Doors em momento inspirado. Curiosamente a ordem dos instrumentos foi levemente alterada para essa gravação. Não havia necessidade de órgão e nem piano e por essa razão Ray Manzarek trocou os teclados pela guitarra rítmica. Robby Krieger ficou responsável pelo Slide guitar e um terceiro guitarrista, o músico Marc Benno, ficou na base. Completando a equipe os Doors ainda contaram com Jerry Scheff, o baixista de Elvis Presley. Assim acabaram atendendo às velhas críticas que sempre afirmavam que os Doors precisavam urgentemente de um baixo em suas canções, algo que nunca havia se tornado um problema, mas que agora tinham resolvido suprir contratando o baixista da banda do Rei do Rock.

4. Cars Hiss by My Window (Jim Morrison) - Foi justamente a gravação dessa faixa "Cars Hiss by My Window" que irritou o baterista Densmore. Anos depois ele declararia numa entrevista: "Tudo bem para um vocalista pois aqueles blues eram ótimos nesse aspecto. Já para um batera como eu, era extremamente chato esse tipo de canção. Não há como inovar ou trazer coisas interessantes. A coisa toda vira um tédio. O ritmo se mantém o mesmo em praticamente todo o tempo". Se para Densmore tudo era tédio puro o mesmo não se pode dizer para o brilhante trabalho de guitarra do mestre Krieger. Ele praticamente sola da primeira a última estrofe, criando um duelo de melodia com a voz de Morrison, que aliás surge perfeita, dando a impressão de estar levemente embriagada - o que convenhamos casa perfeitamente com a proposta da gravação e da letra. Impossível ficar indiferente a esse belo momento dark etílico da carreira do grupo.

5. L.A. Woman (Jim Morrison) - "L.A. Woman" foi creditado a todo o grupo, ou seja, Morrison, Manzarek, Densmore e Krieger. Basicamente é uma declaração de amor de Morrison para a cidade de Los Angeles. Em uma de suas últimas entrevistas Jim Morrison explicou que L.A. o tinha acolhido em um momento particularmente complicado de sua vida, quando finalmente resolveu largar a universidade e viver como um vagabundo errante pelos arredores de Venice Beach, e que por essa razão era eternamente grato a ela. "Se disserem que nunca a amei certamente estarão mentindo" - decretou o cantor. Curiosamente em sua letra Morrison acaba humanizando a cidade, a identificando de forma surrealista com uma mulher, tudo sendo criado em um plano puramente subjetivo e poético, de sua maneira muito peculiar de enxergar a realidade. Os lugares da cidade por onde parece caminhar se misturam com os delicados devaneios do corpo de uma mulher amada, misteriosa e Inatingível. Em termos técnicos considero essa uma das melhores gravações da carreira dos Doors. A música tem uma melodia envolvente, que desfila em uma crescente euforia que também vai contagiando o ouvinte, tudo indo desembocar em um excesso de explosões emocionais. Certamente uma obra prima da carreira do grupo. Genial mesmo.

6. L'America (Jim Morrison) - "L'America" é outra composição de Jim Morrison com forte influência cinematográfica. É praticamente um road movie, como eram chamados os filmes de estrada, com enredos versando sobre pessoas que em determinada manhã simplesmente decidiam ligar o carro e pegar a estrada, rumo a lugar nenhum. Morrison assim vai narrando em forma sensorial essa trip, onde ele se coloca como aquele forasteiro que chega numa cidade onde não conhece ninguém. Os homens não gostam de sua chegada, mas as mulheres acabam ficando atraídas pela sua presença. A letra é até simples, com poucos versos, mas funciona muito bem, afinal Jim Morrison era um grande poeta e escritor.

7. Hyacinth House (Ray Manzarek / Jim Morrison) - "Hyacinth House" também servia de trilha sonora para essa via crucis do cantor pelos lugares menos glamourosos de Los Angeles. Aqui, em versos simples, Jim dava uma indireta até mesmo para os colegas de banda. Ele estava meio de saco cheio de viver ao lado de pessoas que só o criticavam. Isso justificava versos como: "Eu preciso de um novo amigo que não me incomode / Eu preciso de um novo amigo que não me atrapalhe / Eu preciso de alguém que não precise de mim". Essa última frase era uma resposta direta a John Densmore, o baterista dos Doors, que havia dito durante as gravações que o grupo poderia seguir em frente, mesmo sem Jim nos vocais. O clima entre eles, como se podia perceber, não era dos melhores.

8. Crawling King Snake (John Lee Hooker) - De todas as faixas uma das mais representativas é justamente essa "Crawling King Snake". Esse é um blues antigo, clássico, um verdadeiro standart. Presume-se (ninguém tem certeza) que a canção foi composta por cantores de blues de cabarés na década de 1920. Só depois vieram as primeiras gravações. Naquela época os compositores e cantores de blues eram considerados vagabundos, artistas que vendiam suas criações em troca de uma garrafa de whisky, as gravando em pequenos estúdios do tipo fundo de quintal. Assim as origens de músicas como essa acabavam se perdendo nas areias do tempo. A versão de Morrison bebe diretamente (sem trocadilhos infames, por favor!) da gravação de John Lee Hooker dos anos 1940. Em minha opinião essa versão dos Doors é inclusive superior às gravadas por Howlin' Wolf e Muddy Waters, Um registro excelente, com muita alma e espírito (provavelmente vindo diretamente das entidades que norteavam a mente do embriagado Morrison). Melhor do que isso, impossível.

9. The WASP (Texas Radio and the Big Beat) (Jim Morrison) - Outra excelente faixa desse álbum, tanto em termos de composição como gravação é a diferente "The WASP (Texas Radio and the Big Beat)". Essa canção soava como se você estivesse dirigindo por alguma estrada do Texas e sintonizasse uma rádio de blues no dial. A sigla WASP era uma referência aos brancos, aos protestantes, aos anglo-saxões, considerados "a nata" da sociedade americana. Essa sigla inclusive foi usada por organizações racistas para classificar o que era um "verdadeiro americano", pessoas bem acima do restante da escória, ou seja, dos negros, dos latinos, dos imigrantes e de todos aqueles que não se enquadrassem na visão racista e canalha da Klan. Jim obviamente usou o WASP como ironia, como crítica, como uma forma de debochar da mentalidade dessa gente. Jim incorpora um DJ na música e declama versos como esse: "Os negros brilhantemente enfeitados na selva / Estão dizendo "Esqueçam as noites" / Vivam conosco na floresta azulada / Aqui fora no perímetro não há estrelas / Aqui estamos petrificados - imaculados.". Morrison estava particularmente inspirado para escrever letras nesse disco.

10. Riders on the Storm (Jim Morrison / Ray Manzarek / Robby Krieger / John Densmore) - "Riders On The Storm" foi lançada em single, em junho de 1971. Foi o segundo compacto simples extraído deste disco. "Riders on the Storm" é uma canção visceral, excepcionalmente bem produzida e que mostra que em poucos anos o grupo atingiu uma maturidade precoce. A letra é bem emblemática e mostra como o cinema influenciou o trabalho poético de Jim, basta ler a letra e ver como tudo se desenrola como um verdadeiro roteiro de um filme, uma cena rápida, bem ao estilo de alguém que frequentou uma escola de cinema, um verdadeiro outsider cinematográfico. Bem, essa canção dispensa maiores comentários, nem vou relembrar o fato dela ter sido inspirada em um fato real ocorrido com Jim em sua infância, quem assistiu ao filme de Oliver Stone, sabe do que estou falando, por isso não vou me repetir aqui. Em suma, essa música é vital, essencial na história do Rock Mundial. No Lado B do single foi colocada "Changeling", um blues ao velho estilo. Todos concordam em um ponto, "L.A.Woman" é basicamente um trabalho de Blues. Jim poderia até mesmo ter chamado esse disco de "The Doors Blues Album" se quisesse. É uma faixa forte, recomendada para bluesmen inveterados.

Singles extraídos desse álbum:

Love her madly / Don't go no farther - Em março de 1971 os Doors lançaram seu penúltimo single. O interessante deste compacto simples foi a escolha de uma das canções do disco como lado principal. "Love Her Madly" não tem a importância de "Riders on the Storm" ou ainda "L.A.Woman", mas foi ela a eleita para figurar como música "carro chefe" do disco. Não a considero uma canção altamente relevante dentro da discografia da banda, mas me parece que ela foi escolhida por ser a mais comercial, a mais fácil de ser digerida pelas rádios americanas. No lado B desse single temos uma música que hoje em dia é considerada uma verdadeira raridade. Se você já ouviu "Don't go no farther" por aí se considere privilegiado pois essa faixa sumiu da discografia da banda após seu lançamento nesse single.

Riders on the storm / Changeling - Em junho de 1971 o grupo lançou o segundo single extraído deste disco. "Riders on the Storm" é uma canção visceral, excepcionalmente bem produzida e que mostra que em poucos anos o grupo atingiu uma maturidade precoce. A letra é bem emblemática e mostra como o cinema influenciou o trabalho poético de Jim, basta ler a letra e ver como tudo se desenrola como um verdadeiro roteiro de um filme, uma cena rápida, bem ao estilo de alguém que frequentou uma escola de cinema, um verdadeiro outsider cinematográfico. Bem, essa canção dispensa maiores comentários, nem vou relembrar o fato dela ter sido inspirada em um fato real ocorrido com Jim em sua infância, quem assistiu ao filme de Oliver Stone, sabe do que estou falando, por isso não vou me repetir aqui. Em suma, essa música é vital, essencial na história do Rock Mundial. No Lado B do single foi colocada "Changeling", um blues ao velho estilo. Todos concordam em um ponto, "L.A.Woman" é basicamente um trabalho de Blues. Jim poderia até mesmo ter chamado esse disco de "The Doors Blues Album" se quisesse. É uma faixa forte, recomendada para bluesman inveterados.

The Doors - L.A. Woman (1971): Jim Morrison (vocais) / Ray Manzarek (piano, órgão) / Robby Krieger (guitarra) / John Densmore (bateria) / Jerry Scheff (baixo) / Marc Benno (guitarra) / Produzido por Bruce Botnick, Joey Levins e The Doors / Selo: Elektra Records / Local de gravação: The Doors' Workshop, Santa Monica Boulevard, Los Angeles / Data de gravação: Dezembro de 1970 - Janeiro de 1971 / Data de lançamento: Abril de 1971.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 16 de abril de 2024

The Beatles - The White Album

Todos os especialistas na história dos Beatles concordam que o álbum branco foi o começo do fim para a banda. A maioria das músicas foram compostas quando os Beatles estavam na índia. Essa fase foi particularmente complicada para o conjunto porque enquanto estavam meditando no oriente o empresário e amigo Brian Epstein morria de uma overdose de remédios na Inglaterra. Como ele cuidava de todos os detalhes da carreira do grupo sua morte significou o começo da implosão do quarteto. A verdade é que nenhum deles entendiam de negócios e mal compreendiam os diversos empreendimentos que juntos formavam a parte comercial da banda. Lennon declarou que não tinha a menor ideia do que significavam todas aquelas empresas que faziam partes de outras empresas que por sua vez faziam parte de grupos e que juntos formavam os Beatles do ponto de vista comercial.

Junte-se a isso a eterna tensão envolvendo Paul e John e John e George. Por essa época Lennon começou a levar sua namorada Yoko Ono para dentro do estúdio. Ela não era simpática e nem de fácil convívio. Nenhum Beatle tinha levado uma garota antes para dentro do estúdio, o local que eles consideravam sagrado até aquele momento. Isso era algo bem desconcertante e constrangedor. A presença de Yoko era incômoda para os demais Beatles e em particular George, que a antipatizava abertamente. O problema é que John  Lennon era um sujeito brigão e pagou pra ver. Mesmo sabendo que Yoko não era bem-vinda durante as gravações começou a radicalizar, chegando ao ponto de levar uma cama para dentro de Abbey Road. Claro que era um absurdo. George confrontou John sobre o ocorrido e a discussão terminou em socos e pontapés, com ofensas sendo gritadas a plenos pulmões! Paul procurou ser bem mais diplomático mas sabia que isso iria aos poucos destruir o pouco bom relacionamento que ainda existia entre eles. Na verdade os Beatles tinham se transformado numa enorme panela de pressão prestes a explodir!

Como estavam muito tensos uns com os outros as faixas foram sendo gravadas de forma muito isolada. John cuidava de seu material, Paul do dele e George também. Pouco trocavam idéias e não compartilhavam mais como antes. Cada um se empenhava em suas próprias criações e desprezava a dos demais. Nesse estado de coisas o disco acabou saindo com uma individualidade muito incômoda para um disco que deveria ser fruto de um trabalho coletivo. Cada faixa trazia as características mais pessoais de cada membro. As faixas de John Lennon eram autorais, viscerais, de letras incisivas. As de Paul eram bem produzidas, românticas e com belas melodias. Já George surgia tentando ocupar algum espaço da melhor forma possível. No meio de tanto egoísmo o disco ficou desigual, bagunçado e sem identidade.

O fato é que Lennon estava cansado dos álbuns super produzidos de Paul como Sgt Pepper´s e procurava por algo mais direto, cru, sem enfeites demais. Até a capa do disco refletia isso, branca, com o nome do grupo em relevo. O disco aliás nem nome tinha, se chamando simplesmente The Beatles – o apelido “The White Album” veio depois, dado pelos fãs por motivos óbvios. Anos depois Lennon diria que o clima nas gravações era a pior possível e por isso o som saiu diferente de todos os outros discos dos Beatles. Some-se a isso a crise interna que explodiu quando John resolveu incluir uma faixa de “sons experimentais”, com gritos, ruídos e barulhos sem nexo, chamada “Revolution 9”. Paul tentou até o último momento tirar aquilo da seleção musical mas não conseguiu. McCartney tinha razão, aquilo não era Beatles pois tinha muito mais a ver com o trabalho de Yoko Ono e Lennon (de fato eles lançariam depois um álbum inteiro assim, com ambos nus na capa chamado “Two Virgins”).

Com tantas canções no meio o disco saiu duplo (o único da discografia dos Beatles), e demorou para ser entendido e compreendido. Foi logo criticado por sua falta de coesão, sua bagunça, sem uma linha clara de organização. De qualquer modo fez enorme sucesso mostrando que os Beatles conseguiam acertar até mesmo sob condições tão adversas como aquelas. Quem resumiu muito bem tudo depois foi o próprio Paul McCartney que anos mais tarde diria: “É o álbum branco dos Beatles, do que estão reclamando?! É um clássico, e isso é tudo!”. Palavras definitivas.

O White Album (Álbum Branco) foi um disco bem singular dentro da discografia dos Beatles. Nesse trabalho cada um dos Beatles, de forma bem individual, compôs o que quis e gravou o que bem entendeu. Poucas músicas foram de autoria coletiva. De forma em geral John trouxe suas canções, Paul idem e George, que sempre compôs praticamente sozinho, também trouxe seu lote de músicas. Houve uma liberdade individual nesse disco como nunca antes havia acontecido em um álbum dos Beatles. A simplicidade parecia dar o tom, algo que veio expresso até mesmo em sua capa, onde não havia nada, apenas o nome do conjunto em relevo.

A maioria dessas composições foram criadas na Índia, onde os Beatles tinham ido naquela sua fase de seguir gurus. Segundo John as músicas em geral soaram diferentes porque foram compostas em violão. Geralmente há uma diferença entre canções compostas em violão e em piano. Para John essa foi uma característica marcante em termos de sonoridade. Assim o White Album acabou parecendo como pequenos e isolados discos solos de cada um dos membros da banda. Em uma faixa o ouvinte tinha John Lennon e uma banda de apoio, que por acaso eram os Beatles, na seguinte Paul e seus colegas de grupo e por aí vai. Criações bem individuais em um disco de grupo.

Um exemplo marcante disso veio em "Julia". Essa linda balada foi composta por John Lennon em homenagem a sua mãe que faleceu em 1958, após ser atropelada por um policial embriagado. A morte de Julia Lennon marcou demais a vida de John. Ele não gostava de seu pai, um marinheiro que mal conheceu em sua infância e juventude, mas tinha grande afinidade com a mãe. Ele herdou em grande parte o espírito livre dela. A gravação oficial de Julia acabou saindo tão simples como a versão que John compôs na Índia. Praticamente apenas voz e violão, com o vocal duplicado de John fazendo contraponto a ele mesmo. Os versos são lúdicos, envolvendo lembranças emocionais de John em sua infância, quando ia ao lado de Julia em pequenos passeios na praia. Tudo muito bonito e sentimental. Um dos grandes momentos do disco.

O curioso é que John podia ir do sentimentalismo à galhofa em questão de segundos. Assim ao lado da bela e cândida Julia, ele também trouxe para os estúdios a divertida "Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey". Esse era um rock mais visceral, com claras influências de Chuck Berry. John estava sempre dizendo que no final o que lhe interessava mesmo em termos de música era o bom e velho rock ´n´ roll dos anos 50, de sua fase de juventude. Essa criação demonstra bem isso. John voltando aos tempos da brilhantina e casacos de couro de forma bem humorada e divertida. Além disso John vivia tentando lembrar a Paul que os Beatles eram em essência um grupo de rock ´n´ roll, como explicou depois em uma entrevista dos anos 60. "Eu sou uma velha banda de rock, os Beatles eram puro rock! Eu não poderia deixar isso morrer nunca enquanto estivesse na banda" - resumiu Lennon, com sua conhecida franqueza.

John Lennon queria colocar Yoko Ono nos Beatles! Era um absurdo, mas Lennon gostava desse tipo de ideia nonsense. E ele parecia disposto a prova seu ponto de vista, mesmo com as negativas de Paul McCartney sobre a entrada de Yoko na banda. Para provar que Yoko Ono tinha talento musical, John a levou para a gravação de "The Continuing Story of Bungalow Bill". Essa estranha composição havia sido criada na Índia, quando os Beatles estavam meditando com o guru Maharishi Mahesh Yogi em Rishikesh. A letra era uma sátira contra turistas ocidentais que iam até a Índia caçar animais selvagens (como tigres) e depois iam aos templos religiosos em busca de um encontro espiritual elevado! Lennon criticava essa postura hipócrita daquele que matava de dia e à noite ia atrás de elevação espiritual.

Yoko Ono foi colocada para cantar e... com todo respeito a quem gosta da "Yoko música" (seja lá o que isso queira dizer) o fato é que como cantora ela era uma excelente artista plástica. Yoko deu então seus gritos estridentes e praticamente destruiu a gravação. George Harrison tentou convencer John a apagar a participação de sua "patroa", mas sua sugestão foi recebida com insultos. John se sentiu ultrajado com a opinião de George! Foi se criando um clima ruim entre eles dentro dos estúdios Abbey Road, a tal ponto que quase chegaram às vias de fato! Faltou pouco para não se agredirem. Paul McCartney também não gostou nem da música em si e nem da participação de Yoko, mesmo assim ainda colaborou nos arranjos, tocando baixo e fazendo vocais de apoio (para melhorar o coro e disfarçar um pouco a falta de talento de Yoko nos microfones).

Outra gravação que trouxe problemas entre John Lennon e os Beatles foi "Revolution 9". Não era uma música, mas uma coleção de sons experimentais sem nexo. Era algo que fazia a cabeça de John e Yoko, mas que no fundo não tinha nada a ver com o som dos Beatles. Esse tipo de ideia seria levada à exaustão no LP solo de John chamado "Two Virgins". Tudo fazia parte da terapia do grito primal que John vinha seguindo há tempos. Durante muito tempo, até quase na véspera do lançamento do álbum, Paul tentou de todas as formas convencer John a tirar "Revolution 9" do álbum. Ele recusou até o fim a sugestão de Paul, dizendo com firmeza: "A música fica!". Quando o disco finalmente chegou nas lojas a crítica não soube lidar muito bem com aquele tipo de (falta) de musicalidade. Parecia algo maluco que John havia colocado no disco por pura birra e arrogância. Algo do tipo "Eu posso fazer isso e o farei!".

Felizmente nem tudo era feito de sons estranhos e falta de notas musicais. John ainda era capaz de compor belas melodias. "I'm So Tired" era um exemplo da delicada mistura de gêneros musicais que John fazia muito bem. A música tinha um estilo blues, aliado a uma interpretação bem inspirada de John, cantando como se realmente estivesse cansado de tudo. Como havia efetivamente música ali, Paul resolveu também se empenhar, escrevendo algumas linhas da melodia. George Martin também foi essencial, criando um belo arranjo para servir de fundo à performance de Lennon. Durante algum tempo John pensou em lançar a faixa como single na Inglaterra, para promover o álbum. A canção seria lançada antes, justamente para divulgar o LP que viria. Depois, com as brigas e atritos com Paul e George, tudo foi deixado de lado. Mesmo assim, por sua beleza melódica, essa bela balada acabou se destacando dentro do álbum branco. Ela foi encaixada no Lado B do disco 1, bem depois da também bela balada "Martha My Dear" de Paul McCartney.

Quando o Álbum Branco pintou nas lojas muitas pessoas quiseram saber quem era Martha da canção "Martha My Dear". Especulações de todos os tipos foram feitas. Para alguns era uma antiga namorada de Paul que ele não via há muitos anos. Estavam todos enganados. A coisa era bem mais simples. Martha era a cadela de Paul. Era a velha companheira de Paul de muito tempo, um pet adorado não apenas por ele, mas por todos os demais Beatles. Há inclusive muitas fotos de Paul ao lado de Martha e da namorada Jane Asher. Igualmente há registros interessantes de John Lennon levando a cachorrinha para dar um passeio nos arredores da casa de Paul em Londres.

Sobre ela Paul contou um caso curioso. Certa vez John a viu junto com Paul. Para Lennon só havia uma ocasião em que Paul parecia mesmo relaxado e feliz, era quando estava brincando com Martha. Era um momento de completo relaxamento e diversão. "Nunca vi você assim antes!" - teria dito um surpreso John quando encontrou Martha pela primeira vez na casa de Paul. Para a música McCartney trouxe uma melodia bem agradável, numa canção composto no piano. "As notas foram surgindo naturalmente. Martha estava aos meus pés e a letra surgiu de uma vez, sem problemas. A presença dela sempre me deixava em um ótimo astral." Em termos de melodia e ritmo, além da pueril letra, a música contribuiu bastante para o disco de uma forma em geral, no conjunto. É sem dúvida um bom momento do disco.

Outra música que fugia do comum era o country "Rocky Raccoon". Os Beatles, como músicos ingleses, não tiveram em sua formação a country music, um gênero tipicamente do sul dos Estados Unidos. Mesmo assim eles tiveram contato com o gênero musical através dos discos que atravessaram o Atlântico, indo parar no porto de Liverpool. Por essa razão um crítico inglês escreveu na época de lançamento do disco que a faixa soava superficial, até mesmo fake. Paul deu de ombros. Para ele isso era um mero detalhe. "Não éramos cowboys, ok! Isso não impedia de tocarmos country. Talvez a falta de uma raiz musical tenha deixado a música com um estilo de música de filme de western, mas não me importo". Essa no final das contas seria uma das poucas gravações do estilo country da discografia dos Beatles. Realmente não era a praia deles.

Já George Harrison trouxe uma estranha composição para o disco chamada  "Long, Long, Long". Com uma melodia que subia e descia em cascata, tinha uma harmonia fora dos padrões. John Lennon não gostou. E ele disse isso abertamente a George, criando mais um foco de tensão para o grupo dentro do estúdio. Sobre a música de George, John foi mordaz: "Não vai para lugar nenhum! É um tédio!". Paul também não deixou por menos dizendo que a música era chata, mas resolveu que não iria comprar briga com George. Deixou pra lá. A música só não ficou de fora do disco porque havia muito espaço disponível (era um álbum duplo) e também porque depois de "Revolution 9", Lennon já não tinha moral de vetar nenhuma gravação dentro do estúdio. Nada seria mais bizarro do que aquela coleção de sons esquisitos e bizarros, que não faziam nenhum sentido.

The Beatles - The White Album (1968)
Back in the USSR
Dear Prudence
Glass Onion
Ob-La-Di, Ob-La-Da
Wild Honey Pie
The Continuing Story of Bungalow Bill
While My Guitar Gently Wee[s
Happiness is a Warm Gun
Martha My Dear
I'm So Tired
Blackbird
Piggies
Rocky Raccoon
Don't Pass Me By
Why Don't We Do It In the road?
I Will
Julia
Birthday
Yer Blues
Mother Nature's Son
Everybody's Got Something to Hide Except Me and My Monkey
Sexy Sadie
Helter Skelter
Long, Long, Long
Revolution 1
Honey Pie
Savoy Truffle
Cry Baby Cry
Revolution 9
Good Night

Pablo Aluísio.

domingo, 14 de abril de 2024

Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons

Com o lançamento do filme de Clint Eastwood o interesse no grupo Frankie Valli & The Four Seasons tem aumentado e muito. Anteriormente já havia falado sobre eles aqui no blog. Se você viu o filme e ficou encantado com as músicas e com o estilo dos rapazes de Jersey eu tenho boas e más notícias para você. A má notícia é que praticamente toda a discografia original deles (a maioria singles) está há muitas décadas fora de catálogo, mesmo nos Estados Unidos. Em termos de Brasil nem há o que procurar pois só com muita sorte muito você vai encontrar algo deles em sebos, por exemplo. No máximo vai encontrar uma conhecida coletânea da Som Livre que foi lançado no Brasil nos anos 80 e é só. Em se tratando de importados você vai se deparar com uma dezena de títulos, a maioria deles com a mesma seleção musical, trazendo as mesmas canções que já foram relançadas centenas de vezes.

Se estiver em busca de algo diferente mesmo desse grupo eu sugiro esse título, "Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons", que traz um apanhado de vinte músicas obscuras do conjunto, sendo que a maioria delas foram lançadas como Lado B de compactos que são bem raros de encontrar. A imensa maioria das faixas não é conhecida e isso significa que você terá a chance de ouvir pela primeira vez uma sonoridade incrível, bem característico deles. Já que você muito provavelmente nunca terá acesso ao material oficial lançado na época esse CD acompanhado de alguma coletânea mais bem sortida deles suprirá uma lacuna em sua coleção musical. Depois de curtir a seleção musical você vai entender bem que o Frankie Valli & The Four Seasons foi muito mais do que apenas aquilo que vemos no filme do excelente Clint Eastwood.

Frankie Valli & The Four Seasons - Off Seasons
1. Big Man's World
2. Seems Like Only Yesterday
3. Cry Myself To Sleep
4. Huggin' My Pillow
5. Funny Face
6. Danger
7. Marcie
8. Comin' Up In The World
9. Everybody Knows My Name
10. Beggars On Parade
11. Around And Around
12. (I Dig You) Dody
13. Good-Bye Girl
14. I'M Gonna Change
15. Let's Ride Again
16. Raven
17. Heartaches And Raindrops
18. Saturday's Father
19. Something's On Her Mind
20. Genuine Imitation Life

Pablo Aluísio.

sábado, 13 de abril de 2024

Bill Haley And His Comets - Haley's Juke Box

Bill Haley And His Comets - Haley's Juke Box
No finalzinho da década de 1950 Bill Haley brigou com os executivos da gravadora Decca. Ele reclamava de que ganhava muito pouco no contrato que tinha com a gravadora. E ganhava pouco mesmo. Para se ter uma ideia ele levava apenas 1 por cento do preço das vendas de capas de seus discos, logo aqueles que seriam os maiores sucessos de sua carreira. Não dava mais para continuar no selo. Após muitas brigas, inclusive pela imprensa, o bom e velho Haley foi embora da Decda batendo a porta. Ele foi para Los Angeles e assinou com a Warner Records, a gravadora do famoso estúdio de cinema. O novo contrato prometia muito sucesso e o próprio Bill Haley tinha esperanças nesse sentido.

Esse foi o seu primeiro disco nessa nova gravadora. Infelizmente as coisas não foram tão bem quanto ele esperava. A Warner se envolveu demais na escolha das músicas e na produção dos arranjos. Bill Haley se viu amordaçado, sem controle artístico do álbum. Ele logo percebeu que também não ria dar muito certo na Warner. Para piorar estava começando uma batalha judicial pelo controle de suas músicas contra a Decca que iria durar anos e anos. O Bill Haley estava esgotado emocionalmente e o resultado não saiu bom. O disco não fez sucesso e acabou sendo uma decepção nas lojas de discos, não vendendo muitas cópias. Pois é, os anos de sucesso e glória pareciam coisa do passado. 

Bill Haley And His Comets - Haley's Juke Box (1960)
Singing The Blues
Candy Kisses
No Letter Today
This Is The Thanks I Get
Bouquet Of Roses
There's A New Moon Over My Shoulder
Cold, Cold Heart
The Wild Side Of Life
Any Time
Afraid
I Don't Hurt Anymore
Detour

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Chuck Berry - Too Much Monkey Business

É uma pena que o mito e pioneiro do rock Chuck Berry tenha nos deixado. Ele morreu no dia 18 de março de 2017. Estamos sempre comentando sobre Berry aqui no blog, pois sua música, seus discos e suas gravações estão sempre vivas nesse espaço, na ordem do dia. Pois bem, para homenagear esse grande roqueiro, um dos verdadeiros pais do rock ´n´ roll, nada melhor do que falar sobre sua arte. Em 1956, em pleno auge da explosão do rock, Berry lançou mais esse single pela Chess.

O compacto era extraído de seu álbum "After School Session" (um dos ícones da primeira geração de roqueiros americanos) e trazia dois clássicos absolutos, com "Too Much Monkey Business" no lado A e "Brown Eyed Handsome Man" no lado B. A letra, como convinha a Berry nessa época, usava de gírias da época, pois a expressão "Monkey Business" era muito utilizada entre os jovens. A música fez bastante sucesso, chegando ao quarto lugar da Billboard e entrou definitivamente no panteão de grandes clássicos do rock ´n´ roll, ganhando versões posteriores de grandes astros da música como os Beatles e Elvis Presley. Algum tempo depois um outro single seria lançado com a canção "Let It Rock" no lado A, mostrando como essa faixa era popular na carreira de Chuck Berry.

Chuck Berry - Too Much Monkey Business (1956)
Single: Too Much Monkey Business / Brown Eyed Handsome Man / Cantor: Chuck Berry / Álbum: After School Session / Selo: Chess Records / Data de Lançamento: Setembro de 1956 / Produção: Leonard Chess, Phil Chess / Músicos: Chuck Berry (vocais e guitarra), Johnnie Johnson (piano), Willie Dixon (baixo), Fred Below (bateria).

Pablo Aluísio.