sexta-feira, 29 de setembro de 2023

Eagles - On the Border

Ultimamente tenho ouvido bastante esse álbum. É interessante porque o grupo Eagles é gigante dentro das fronteiras americanas. Um de seus discos se encontra no seleto grupo dos cinco álbuns mais vendidos da história na indústria fonográfica dos Estados Unidos. Só que isso só acontece mesmo entre os fãs de country - rock naquele país. Em outros lugares do mundo, como Europa e Brasil, o Eagles é mais conhecido por Hotel California e olhe lá! É isso não deixa de ser uma injustiça porque foi um grupo excepcional dentro de seu nicho musical. Eram excelentes músicos, tanto de palco como de estúdio, por essa razão mereciam ter maior prestígio nos demais países estrangeiros.

Esse disco em particular tem uma excelente seleção musical. Ele foi lançado originalmente em 1974. Produzido pela dupla de talentosos produtores musicais formada por Bill Szymczyk e Glyn Johns, foi o primeiro disco do Eagles a trazer o jovem guitarrista Don Felder. A capa, trazendo uma bela arte, mostrava uma águia voando no deserto do oeste, com destaque para as formações rochosas do Monument Valley, algo bem no estilo country and western. Minha faixa preferida nesse disco abria o lado B do vinil original. Era "James Dean". O título já entregava o jogo. Uma homenagem do grupo ao ator James Dean, morto em 1955. O refrão retomava o lema de viver rapidamente, sendo muito jovem para morrer. A melodia era aquele tipo de sonoridade que grudava na mente do ouvinte. Colocaram até o som de um carro acelerando para reforçar a mensagem. Ficou muito bom. Outro destaque é a bela canção "Already Gone", que já abria as cortinas do disco em grande estilo.

Eagles - On the Border (1974)
Already Gone
You Never Cry Like a Lover
Midnight Flyer
My Man
On the Border
James Dean
Ol' 55
Is It True?
Good Day in Hell
Best of My Love

Pablo Aluísio.

terça-feira, 26 de setembro de 2023

Bruce Springsteen - Nebraska

Esse é o disco mais sombrio, soturno e melancólico da carreira do Bruce Springsteen. Todas as vezes que ouvi esse álbum eu tive que entrar em um certo clima de introspecção, porque a sonoridade é para poucos. E qual seria a razão de tanta tristeza e solidão? A grande maioria das cações foram compostas em cima de crimes bárbaros que aconteceram nos Estados Unidos na década de 1950. Um casal de serial killers formado por Charles Starkweather (O James Dean assassino) e sua namorada de 14 anos de idade, a psicopata Caril Ann Fugate deixaram um rastro de morte por onde passaram...

Esse casal de jovens pegou um carro e saiu matando em série nos recantos mais pacatos da América. Essa história bateu fundo na alma do Bruce Springsteen e assim ele resolveu gravar o disco. O que predomina nas faixas é o folk e o blues, em harmonias que são pura reflexão, pura solidão, pura tristeza. "Nebraska" não é um disco para todo mundo. Até mesmo em relação ao seleto grupo de fãs do cantor, tem que haver uma certa triagem. É um trabalho musical que não vai deixar você indiferente. Ou vai amar ou odiar o que vai ouvir. E isso é a maior prova que se trata de uma obra-prima da discografia do artista.

Bruce Springsteen - Nebraska (1982)
Nebraska
Atlantic City
Mansion on the Hill
Johnny 99
Highway Patrolman
State Trooper
Used Cars
Open All Night
My Father's House
Reason to Believe

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Queen - News of the World

Recentemente a EMI Odeon lançou uma edição comemorativa dos 40 anos do lançamento original do álbum clássico do Queen "News of the World". Dentro de um box muito caprichado o fã da banda inglesa encontra o disco de vinil que foi lançado na época, um álbum especial com muitas fotos e informações, posters, letras, pequenos brindes e os CDs, trazendo as músicas oficiais e vários takes alternativos. Um lançamento para fã nenhum colocar defeito. Um produto de resgate histórico realmente primoroso. Esse álbum pode ser considerado o primeiro disco realmente popular do grupo. Antes dele o Queen obviamente já era bem conhecido pelos fãs de rock, mas foi esse "News of the World" que o efetivamente colocou na seleta lista das maiores bandas de rock do mundo. O sucesso do disco inclusive fez com que o Queen fosse para os Estados Unidos para sua primeira grande turnê internacional.

E como convém a um disco com tantos títulos importantes a ostentar, esse também não poderia abrir sem um grande clássico do Queen. É a tal coisa, se você nunca ouviu "We Will Rock You" em sua vida provavelmente você não viveu no Planeta Terra nesses últimos quarenta anos. Até hoje a canção é onipresente, seja em estádios de futebol (na Inglaterra ela é ouvida em praticamente toda partida) até em peças publicitárias. Provavelmente seja uma das cinco músicas mais conhecidas da discografia do Queen. Impossível não reconhecer nos primeiros acordes. O que mais me causa admiração nessa faixa composta por Brian May é que ela inverte a ordem natural das coisas em uma música. Geralmente as músicas possuem uma introdução, duas ou três partes e o refrão, que é usado para grudar na mente do ouvinte. Com "We Will Rock You" isso não acontece. A música é praticamente um refrão que se repete e repete até o fim. Bom, funcionou e virou um clássico absoluto. Então provou que seu autor estava mais do que certo.

"We Are The Champions" é o outro grande sucesso desse álbum. Uma composição muito inspirada de Freddie Mercury, que diga-se de passagem sempre foi muito subestimado como compositor. Muitos louvam sua excelente performance de palco, suas apresentações memoráveis e também sua ótima capacidade vocal, já que é consenso em todos que ele foi um grande cantor. Porém quando se trata do Mercury escritor de boas músicas, isso é meio deixado de lado. Bom, qualquer um que escrevesse um hino como essa faixa seria plenamente reconhecido. Com Mercury nem sempre isso aconteceu. A música virou outro clássico esportivo, vamos colocar nesses termos. Sempre quando há premiações (principalmente no futebol europeu) o sistema de som dos grandes estádios não perdem a oportunidade de tocar esse grande sucesso do Queen. A música aliás se tornou muito maior do que o próprio disco que a lançou. A denominação hino é muito mais adequada para ela. Não é apenas um sucesso, mas sim um hino moderno, sempre relembrado e tocado em inúmeras ocasiões Absolutamente inesquecível.

Depois de duas faixas tão fortes e marcantes, o disco cai um pouco com "Sheer Heart Attack". Essa é uma composição de Roger Taylor. Apesar do ritmo acelerado e das boas guitarras ao fundo marcando toda a faixa, a música tem uma letra muito fraca e ruinzinha. Nem os arranjos salvam a canção de um incômodo sentimento de que tudo ficou datado e em certos aspectos quase ridículo. A parte vocal também não ajuda muito. Assim não tenho outra opinião. Essa é realmente a primeira canção fraca do disco.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Pink Floyd - More

Pink Floyd - More
Durante um tempo o Pink Floyd ficou meio perdido. Não tinham ainda um disco de sucesso e nem eram muito conhecidos na Inglaterra. Para sobreviver como banda eles decidiram ingressar no mercado de trilhas sonoras. Para isso era preciso ter originalidade, inspiração e talento para músicas instrumentais. E nisso eles eram muito bons. Outro aspecto a se considerar é que naquele momento, logo após a saída de Syd Barrett, eles ainda não tinham decidido quem seria o vocalista principal do grupo. Tampouco sabiam quem iria escrever as letras das músicas. Então era mesmo um momento de indefinição e também de uma certa insegurança sobre os caminhos que o Pink Floyd iria tomar dali em diante. 

A partir desse álbum o Pink Floyd iria chegar de forma definitiva em sua formação clássica básica com David Gilmour, Roger Waters, Nick Mason e Richard Wright. Eles apenas não queriam que o Pink Floyd chegasse a um fim prematuro. Era além de tudo uma questão de pura sobrevivência no mercado. Mal sabiam eles que estavam prestes a criar um novo movimento dentro do grande universo do rock. Eles seriam os pioneiros do que depois seria chamado de Rock Progressivo, dando origem a um estilo musical que seria seguido por dezenas e dezenas de grandes conjuntos da época. Isso realmente aconteceu involuntariamente enquanto eles iniciavam uma nova revolução cultural no mundo da música inglesa. 

Pink Floyd - More (1969)
Cirrus Minor
The Nile Song
Crying Song
Up The Khyber
Green Is The Colour
Cymbaline
Party Sequence
Main Theme
Ibiza Bar
More Blues
Quicksilver
A Spanish Piece
Dramatic Theme

Pablo Aluísio. 

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

Jefferson Airplane - Somebody to Love

1967 marcou época por causa do chamado "verão do amor", uma denominação criada por alguns jornalistas especializados em música que tentavam colocar tudo o que estava acontecendo no mesmo caldeirão cultural. Uma visão simplista, até tola, mas que acabou pegando e é usada até nos dias de hoje. No meio do auge da contra cultura, do movimento hippie e do som psicodélico o grupo Jefferson Airplane era uma grata surpresa.

Certamente faziam um som bem ao estilo da época, mas ao contrário de outras bandas mais loucas do cenário musical, procuravam trazer belas melodias para suas músicas e discos. Nada mais natural pois tinham surgido em San Francisco, uma das cidades mais liberais e modernas dos Estados Unidos. Para completar conseguiam se sobressair no meio com inovações dignas de nota, inclusive com a presença de uma vocalista, algo que era pouco comum em bandas de rock da época, pois prevaleciam grupos de rock exclusivamente masculinos. Afinal o que era Grace Slick a não ser uma ótima cantora e uma espécie de Janis Joplin menos desesperada e visceral?

Esse single "Somebody to Love" foi um grande sucesso de vendas, chegando a se destacar na cobiçada parada Billboard Hot 100. A letra refletia de certa maneira o que estava no ar naqueles tempos de muitos cabeludos, farto amor livre e uso indiscriminado de drogas! Hoje em dia o single original é uma raridade no mercado americano e vale alguns milhares de dólares. Restam poucos exemplares, mesmo nas mãos de grandes colecionadores, o que é surpreendente, já que vendeu tão bem.

Diria algum observador mais irônico que um dos problemas centrais da geração hippie era justamente esse, eles nunca ligavam para nada, nem mesmo para sua coleção de discos, por isso muitos deles acabaram perdidos ou jogados na lata de lixo. É de se perguntar como a história dá voltas, pois hoje em dia o que era descartado pelos hippies da época acabou virando artigo de luxo para colecionadores vintage.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Bob Dylan - The Freewheelin'

Bob Dylan - The Freewheelin' 
Esse é o segundo disco do Bob Dylan. Em minha opinião é o melhor álbum dele em toda a sua carreira. De fato penso que ele nunca mais voltaria a fazer alto tão bom em sua longa discografia. Alguns artistas são assim, acertam logo no começo, já no primeiro ou segundo disco acertam no alvo, determinam o estilo básico que os consagrará no mundo da música, já gravam seus clássicos absolutos, canções pelas quais vão ser lembrados para sempre. É o caso de Bob Dylan nesse LP. Ele acertou logo, em apenas seu segundo álbum. É a sua obra-prima suprema. 

Aliás, concretizando esse ponto de vista, basta apenas pegar o vinil para tocar. Logo na primeira faixa vem o impacto com um das músicas mais conhecidas do Dylan. Estou falando da peça musical Blowin' in the Wind. Aquele tipo de composição que é conhecida até por quem nem curte rock ou sua história. É uma faixa que está no ar, faz parte do inconsciente coletivo da cultura pop. E essa grande abertura é seguida por uma coleção impressionante de grandes momentos do Dylan. O disco mais parece ser uma coletânea. A música Don't Think Twice, It's All Right, que abre o lado B, por exemplo, foi gravada por Elvis Presley uma década depois. Enfim, esse é um dos discos essenciais dos anos 60. Arte pura!

Bob Dylan - The Freewheelin' (1962)
Blowin' in the Wind
Girl from the North Country
Masters of War
Down the Highway
Bob Dylan's Blues
A Hard Rain's a-Gonna Fall
Don't Think Twice, It's All Right
Bob Dylan's Dream
Oxford Town
Talkin' World War III Blues
Corrina, Corrina
Honey, Just Allow Me One More Chance
I Shall Be Free

Pablo Aluísio.

terça-feira, 12 de setembro de 2023

The Beach Boys - Surfin' Safari

The Beach Boys - Surfin' Safari
A resposta americana à invasão britânica não veio através de grupos ou cantores consagrados, mas sim de um grupo de jovens bem despretensiosos, que cantavam músicas bem simples, com letras louvando uma vida de surf e diversão. O Beach Boys acabou se tornando o grande rival dos Beatles nas paradas americanas. É interessante isso porque eles surgiram no mesmo ano em que os Beatles foram se firmando na carreira. Era 1962 e os dois conjuntos estavam prestes a travar uma batalha pelos primeiros lugares nas paradas americanas. Esse primeiro disco dos Beach Boys mostra bem com era a sua musicalidade nesses primeiros anos de carreira. As melodias eram irresistíveis e os vocais muito bem elaborados. As letras eram invariavelmente monotemáticas, sem nenhuma grande riqueza poética, porém os Beach Boys não posavam de intelectuais. Eles apenas gravavam músicas bonitas, bem melodiosas, para tocar entre os jovens enquanto eles estivessem na praia, esperando para pegar a próxima onda. A Capitol Records, que depois compraria os direitos autorais dos Beatles nos Estados Unidos, resolveu apostar nessa moçada.

O resultado, pelo menos do ponto de vista comercial, foi excelente. Em certos álbuns os Beach Boys conseguiam vender mais cópias que os próprios Beatles ou até mesmo Frank Sinatra, o grande nome contratado do selo. Era surpreendente isso, porém demonstrava que o mercado consumidor jovem era uma potência em termos comerciais. A gravadora ganhou muito, muito dinheiro mesmo com esses discos dos garotos da praia. Esse álbum tinha alguns dos maiores sucessos do grupo. Entre eles a própria faixa "Surfin' Safari". No mínimo era uma mistura esquisita. Safáris se faziam na África, não nas praias da Califórnia. E o que isso tinha a ver com surf? Não importa. O que era importante era o fato de que foi justamente essa gravação que levou os Beach Boys para a galeria dos artistas contratados pela Capitol. Eles enviaram uma fita demo para a Capitol e um dos executivos gostou muito do que ouviu. Ele qualificou a música como o "grande hit do próximo verão"!.

Acertou em cheio. Lançado como single 45 RPM, o disquinho vendeu muito, colocando os Beach Boys entre os 10 mais vendidos da Billboard. Um feito e tanto para um grupo novato e praticamente desconhecido. Foi a porta de entrada para que esse álbum fosse gravado. A Capitol tinha grandes planos para eles.
  
Pablo Aluísio.

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

The Doors - Waiting for the Sun

Gravado em oito canais entre os meses de fevereiro e maio de 1968, no T.T.G. Studios (Hollywood, CA). Lançado oficialmente nos EUA no dia 12 de julho de 1968. Produzido por Paul A. Rothchild. O terceiro disco dos Doors, Waiting for the Sun, é considerado como sendo o trabalho mais comercial da banda. Talvez injustamente: se por um lado contém canções extremamente radiofônicas, como o grande sucesso Hello, I Love You e a simpática Love Street, por outro possui algumas bem estranhas, como a valsa Wintertime Love, a flamenca Spanish Caravan, a rebelde Five to One e a insana Not to Touch the Earth.

Essa última foi uma das únicas sobreviventes da ideia original que a banda tinha para o álbum, que iria se chamar The Celebration of the Lizard, uma longa composição com diversas melodias diferentes que ocuparia por completo um dos lados do LP. Quando viram que isso seria inviável, tiraram do baú algumas velhas músicas de começo de carreira (várias delas já haviam aparecido na demo de 65 e depois foram esquecidas) e rebatizaram o disco de American Nights. E depois trocaram mais uma vez, para o definitivo Waiting for the Sun. Mesmo ficando de fora do disco, The Celebration of the Lizard teve sua letra publicada no encarte e foi gravada, ao vivo, anos mais tarde, no Absolutely Live.

Vale ressaltar que a música Waiting for the Sun, uma das mais conhecidas da banda, não é desse disco, e sim do Morrison Hotel, de 1970. Jim Morrison começou a ser chamado de Rei Lagarto com o lançamento de Waiting for the Sun, em 68. Isso porque na faixa "Not to Touch the Earth" ele cantava os seguintes versos: "I'm the Lizard King / I can do anything" ("sou o Rei Lagarto/ posso fazer qualquer coisa"). O disco é o mais "paz e amor" da banda, trazendo três músicas com "love" já no título e uma protestando contra a Guerra do Vietnã. Além de ter sido mais um sucesso nos EUA, o álbum e o single Hello, I Love You estouraram na Europa, levando os Doors à sua primeira e única grande turnê, que passou por países como Inglaterra, Alemanha, Holanda, Dinamarca e Suécia.

Essas apresentações viraram um especial para a TV inglesa chamado The Doors Are Open, que mais tarde também foi lançado em vídeo. Talvez por ter sido uma verdadeira "colcha de retalhos", o disco demonstre ao longo de sua duração uma falta de coesão harmônica e contextual. São nítidas as diferenças entre as várias faixas, principalmente no tocante a arranjos e execução. Algumas foram retocadas quase à perfeição enquanto outros trazem um indisfarçável toque de descuido e indiferença por parte do grupo. Enfim, é um trabalho irregular, com altos e baixos visíveis, o que acaba contando contra no balanço geral da avaliação do conjunto da obra. "Waiting For The Sun" pode ser considerado o menos inspirado LP dos Doors, o mais frágil e o menos destacado do conjunto. Além do desnível presente em todas as canções, "Waiting For The Sun" sofre de uma série crise de identidade, não se posicionando definitivamente entre o puro comercial ou a mais nobre arte, no mais estrito significado da palavra. Fica assim em cima do muro, sem ir para qualquer lado, o que o torna um trabalho intrinsecamente contraditório e irregular. Em suma: "Waiting For The Sun" é uma obra menor dentro da discografia da banda.

Single nas lojas:
The Unknown Soldier / We Could Be So Good Together - Sei que todos os bichos grilos de esquerda (acredite, eles ainda existem!) vão querer me matar depois dessa nota, mas... Apesar de todo o seu valor social e político, de ir contra a guerra do Vietnã e etc, a canção The Unknown Soldier é muito fraca musicalmente! Poderia até ser interessante ver a performance do grupo no palco e tal, mas simplesmente a ouvindo você percebe nitidamente toda a sua falta de estrutura harmônica e rítmica. Muito ruim mesmo. Talvez tenha sido de propósito, não sei, mas que a canção é muito abaixo do nível da banda, isso ela é. Sem dúvida. Já no lado B "We Could Be So Good Together" é um pouco melhor, mas também não salva o single do título de "Pior single da história dos Doors". Fico pensando: Porque não lançaram "Five to One", essa sim uma grande música do disco, e resolveram colocar essa dobradinha inconsistente? Pode passar direto, as duas são totalmente descartáveis, indo direto para a lata de lixo da história! Lançado em março de 1968.

Hello, I Love You / Love Street - Se o single anterior é um desastre, esse por sua vez é ótimo (eu disse que 'waiting for the sun' é um trabalho irregular!). Pois bem, "Hello, I love You" é uma bela melodia, feita para tocar nas rádios, assim como "Love Street", essa mais comercial do que nunca. Essa aliás foi uma das primeiras composições de Jim Morrison, feita em homenagem ao amor de sua vida, Pamela. Mas há controvérsias, esse não é um fato incontestável, pois alguns autores afirmam que Jim a fez ainda quando era um simples colegial, muitos anos antes de conhecer Pamela. Pela simplicidade da letra e o ritmo bem anos 60 (pré 64) pode-se até afirmar que isso seja verdade. De qualquer forma, ponto para os Doors e Jim Morrison. O segundo single de "Waiting for the Sun" foi lançado nos Estados Unidos em junho de 1968.

Pablo Aluísio.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Rolling Stones - 12 X 5

Assim como aconteceu com os Beatles os primeiros discos dos Stones nos Estados Unidos eram bem diferentes da discografia inglesa. Os americanos, mais experientes em marketing, montavam seus próprios discos, geralmente misturando faixas de álbuns diversos dos originais ingleses. "The Rolling Stones - 12 X 5" vai justamente por esse caminho. Foi o segundo disco de estúdio do grupo e foi lançado nos EUA por dois motivos básicos: o primeiro, não se pode negar, foi o imenso interesse que os americanos tinham na época pelo rock inglês após a passagem avassaladora dos Beatles pelo país em sua histórica turnê.

A segunda era o interesse despertado pelos Stones por causa de seu primeiro bom disco lançado na América, esse que animou a gravadora a continuar apostando nos cinco britânicos. O nome do álbum é uma alusão justamente a eles, 12 canções executadas pelo quinteto - 12x5. Seguia o mesmo padrão de um compacto duplo que havia sido lançado recentemente com apenas cinco músicas - intitulado, vejam só, como 5x5.

Por essa época os Stones fizeram sua primeira turnê americana, bem mais modesta e desorganizada do que a dos Beatles. Alguns shows mal agendados, palcos indignos e desinteresse da imprensa foram aspectos negativos que prejudicaram os concertos. Como eram fãs de Blues e Rythm and blues aproveitaram para conhecer alguns de seus ídolos musicais como Muddy Waters, gravando no histórico estúdio da Chess Records em Chicago. Como já afirmei antes sobre as primeiras gravações dos Rolling Stones nem sempre os primeiros registros da banda foram bem realizados do ponto de vista técnico no começo de sua carreira. Os engenheiros de som americanos perceberam isso e fizeram as faixas passarem por um tratamento de remasterização, algo que foi muito positivo pois qualquer disco americano do grupo é muito superior ao que ouvimos nos discos prensados na Inglaterra no mesmo período.

"The Rolling Stones - 12 X 5" prova bem isso. Os instrumentos são bem nítidos, a equalização entre voz e acompanhamento é extremamente superior a qualquer outra coisa que ouvimos nos vinis ingleses. Esse é enfim o grande mérito desses álbuns Made in USA. Se tiver que escolher entre ouvir um vinil inglês ou americano dos Stones pela Decca ou London Records não perca muito tempo, prefira sempre os bolachões do Tio Sam, com certeza.

The Rolling Stones - 12 X 5 (1964)
Lado A
1. Around and Around
2. Confessin' the Blues
3. Empty Heart
4. Time Is on My Side
5. Good Times, Bad Times
6. It's All Over Now
Lado B
1. 2120 South Michigan Avenue
2. Under the Boardwalk
3. Congratulations
4. Grown Up Wrong
5. If You Need Me
6. Susie Q

Pablo Aluísio.

sábado, 2 de setembro de 2023

The Beatles - A Collection of Beatles Oldies

Primeira coletânea da carreira dos Beatles. Por essa época o grupo estava em uma verdadeira maratona de shows ao redor do mundo, sem tempo para praticamente nada. Há muitos anos que as turnês já tinham se transformado em um aborrecimento, principalmente para John Lennon que não agüentava mais o assédio sem medidas das fãs. Para Lennon os concertos tinham virado uma atração de circo, com muita gritaria e histeria, com pouca coisa a ver com musicalidade. Para piorar o que já era ruim os Beatles também deixaram de se importar com a qualidade dos shows. Segundo Lennon eles aceleravam as músicas para terminarem logo os concertos com receios de que algo mais sério pudesse acontecer – ou até mesmo alguém sair ferido no meio daquele delírio coletivo.

Assim quando a EMI cobrou por novas gravações em estúdio Lennon e Harrison disseram um sonoro não! Eles estavam fartos, emocionalmente desgastados e fisicamente muito cansados. Para não criar um atrito com a gravadora o empresário dos Beatles, o sempre cordial Brian Epstein, sugeriu a edição de uma coletânea com os maiores sucessos da banda até aquele momento. Além disso não podia se desprezar o fato de que muitos desses hits jamais tinham sido reunidos antes em um álbum, sendo lançados apenas em singles, compactos simples. Como eram bons os argumentos a EMI enfim comprou a idéia.

Nasceu assim “The Collection of Beatles Oldies” Na contracapa John Lennon mandou colocar uma frase muito espirituosa que dizia: “Oldies... But Goldies” (“velharias... mas douradas”). Os próprios Beatles foram consultados para a elaboração da seleção musical. Foram escolhidas 15 faixas e George Martin os convenceu a gravar mais uma para ser encaixada no disco como canção bônus inédita. Apesar da preguiça o grupo então se reuniu em Abbey Road para a gravação da canção “Bad Boy”, um cover de Larry Williams (um dos preferidos de Lennon). O restante do repertório iria ser completado apenas com clássicos absolutos, entre eles os grandes sucessos “She Loves You”, “Yesterday”, “Can´t Buy Me Love” e “I Want To Hold Your Hand”. “Yellow Submarine” também foi incluída para agradar Ringo e manter a tradição dos discos dos Beatles que sempre saiam com uma faixa cantada por seu baterista.

John Lennon ainda opinou sobre a capa, pois ele não queria uma daquelas capas óbvias de coletâneas e sim algo mais artístico. Por essa razão fez questão de mandar um telegrama a George Martin dizendo que a EMI deveria caprichar na direção de arte da nova capa! O curioso sobre “Beatles Oldies” é que ele foi lançado entre os discos “Revolver” e “Sgt Pepper’s” se tornando assim o verdadeiro divisor entre a primeira e a segunda fase do grupo. Infelizmente como toda coletânea o disco ficou obsoleto em poucos anos. Hoje em dia apenas colecionadores mantém o álbum em sua coleção uma vez que os discos da série “Past Masters” vieram para ocupar seu espaço (tinham mais canções e eram mais completos, fechando assim a discografia oficial dos Beatles, inclusive com a inclusão das versões em alemão que o grupo gravou no começo de carreira). De qualquer modo fica a lembrança, principalmente para quem começou a colecionar Beatles na era do vinil e sabia que ter o disco era a única forma de ter alguns dos maiores clássicos da banda no formato LP. Velharias?! Jamais...
 

The Beatles - A Collection of Beatles Oldies (1966)
She Loves You
From Me to You
We Can Work It Out
Help!
Michelle
Yesterday
I Feel Fine
Yellow Submarine
Can't Buy Me Love
Bad Boy
Day Tripper
A Hard Day's Night
Ticket to Ride
Paperback Writer
Eleanor Rigby
I Want to Hold Your Hand

Pablo Aluísio.