terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Elton John - Honky Château

Recentemente adquiri esse álbum de 1972 do Elton John. É um disco muito agradável de se ouvir, principalmente pelo fato de que ele escolheu um repertório que é justamente isso, proporcionando uma audição bem agradável aos ouvidos. Elton John também amenizou os arranjos de metais, deixando as canções com aquela sensação de leveza. As harmonias das músicas se inspiram claramente no estilo Honky-Tonk, muito popular nos bares e estabelecimentos comerciais mais populares, principalmente no sul dos Estados Unidos. Foi uma escolha acertada.

A primeira faixa do disco, a animada "Honky Cat" já mostra a que veio. Aliás ela daria nome ao disco como um todo e Elton John só mudou de ideia sobre isso no último momento, poucos dias antes da prensagem das primeiras cópias. O produtor Gus Dudgeon o convenceu que um nome mais estiloso ficaria melhor. Assim Elton John surgiu com esse título "Honky Château", algo como o castelo do  Honky-Tonk. Ficou bom, bem melhor do que o primeiro título que seria usado.

A segunda faixa do disco é uma balada, a boa "Mellow". Há quem implique com o refrão usado à exaustão. Bom, digamos que o bom e velho Elton sabia muito bem que um refrão pegajoso, que grudasse na mente do ouvinte já na primeira audição seria um potencial hit nas paradas. É uma bela música, gosto dela. A única coisa que envelheceu bastante foi o órgão que sola na segunda parte da canção. É um tipo de instrumento que evoca ao passado, não sendo muito utilizado em discos após os anos 70. De qualquer forma e música já havia sido salva pelo piano tocado por Elton John. Não há muito o que reclamar sobre isso. Não sejamos tão chatos!

Não é segredo para ninguém que o grande hit desse disco, o grande sucesso que fez o álbum vender milhões de cópias na época de seu lançamento original foi a canção "Rocket Man" Não é para menos. Essa balada é até hoje considerada uma das obras primas da carreira de Elton John. É o mais curioso de tudo é que sua letra é muito diferente do que ele estava acostumado a escrever na época. Esse tipo de tema era mais associado a artistas como David Bowie.

A letra contava as agruras e sentimentos de um astronauta que tinha de ir para o espaço, para cumprir mais uma missão enquanto deixava as pessoas amadas na Terra. Isso ficava bem claro em versos como: "Eu sinto tanta falta da Terra / Eu sinto saudades da minha esposa / É tão solitário no espaço / Em um vôo tão eterno". Naqueles tempos, em plenos anos 70, ainda se pensava que em poucos anos o homem iria fazer viagens a outros planetas com uma certa facilidade e regularidade. 50 anos depois e ainda estamos na Lua, ou melhor dizendo, nem na Lua, pois faz décadas que o homem não pisa por lá novamente.

Outra balada que gosto desse disco é "Salvation" que abria o lado B do vinil original. Existem aqueles que consideram o refrão cheio de clichês musicais, algo banal. Pode até ser, mas é impossível negar que mesmo sendo algo meio batido, ainda funcionava muito bem. A dobradinha de arranjos usando apenas instrumentos tradicionais de uma banda de rock e um bonito coro ao fundo completam a sonoridade agradável, acima de tudo. Aliás uma das melhores decisões de Elton John nesse disco foi deixar tudo mais clean, sem exageros desnecessários.

 "I Think I'm Gonna Kill Myself" é uma das faixas que mais lembram o verdadeiro estilo Honk-Tonk. Por isso ela se parece muito com aquelas antigas músicas do começo do século XX, mais precisamente da década de 1920. Aqui Elton John caprichou mesmo, embora seu refrão em coro no meio da faixa seja algo bem anos 1970. Assim Elton John acabou unindo duas décadas do século XX em apenas uma canção. Ficou excelente.

"Susie (Dramas)" é uma boa música. Sua sonoridade é um pouco fora do comum. Começa praticamente como uma súplica, então vai subindo o tom conforme a canção avança. Nesses álbuns dessa época o Elton John valoriza bastante também os arranjos da bateria. Claro, o piano sempre estaria em primeiro plano, mas isso não significava que ele não valorizasse os efeitos de percussão. A guitarra também surge em bonito solo. Uma boa canção do disco, mas em minha opinião não está entre as melhores.

"Slave" em inglês significa "escravo". Aqui Elton John compôs uma bela balada, toda arranjada tal como foi composta, com um bonito violão de doze cordas se destacando. O Elton também acrescentou efeitos de Slide-Guitar. A intenção dele assim se tornou bem clara e óbvia. Ele quis aqui cantar e tocar uma balada country ao velho estilo, ao estilo de Nashville. Ficou bonita, sem dúvida. O ouvinte até se pega imaginando estar andando naquelas estradas do sul dos Estados Unidos, nas antigas plantações de algodão onde havia, em um passado nem tanto distante assim, escravos trabalhando de sol a sol. Tempos de escravidão, tempos de vergonha.

Outra canção com nome de garota, "Amy" é um Honkey Tonkey mais nervosinho. Começa com acordes de balada, mas vai acelerando aos poucos, coisas de Elton John. Depois tudo explode no refrão. Os arranjos são interessantes, com destaque para o longo e bonito solo de guitarra. É um lado B do disco. Não fez sucesso, nem se destacou na época em nenhuma parada, porém inegavelmente é uma boa faixa desse álbum. Elton John em grande forma.

"Mona Lisas and Mad Hatters" é muito conhecida. Basta os primeiros acordes tocaram para lembrar dela. Não digo que seja um "Golden Hit" da carreira do Elton John, mas inegavelmente é bem conhecida. Tanto isso é verdade que quando coloquei o disco para tocar a primeira vez me lembrei imediatamente dessa faixa e isso sendo um conhecedor pouco aprofundado da discografia do Elton John. Ouvi a música e me lembrei na hora. Acredito que quem viveu os anos 70 vai lembrar dessa melodia.

E como acontece em praticamente todas as gravações desse disco, tudo é executado com um grande bom gosto. Elton John ao piano sempre foi um presente aos ouvintes de bom gosto. E para melhorar ainda mais a bela melodia ele colocou uns instrumentos clássicos ao fundo. Penso que há até mesmo a presença de uma Balalaica (ou balalaika, como dizem alguns), tradicional instrumento da música folclórica russa. Coisa de mestre. Ficou bela a canção.

"Hercules" é a música que fecha o álbum. Som agradável, melodia idem. Tem uma bonita introdução de violão (bem tocado, é claro), bem ao estilo do country and western de Nashville. Se tem uma coisa boa que Elton John fez nesse disco foi simplificar os arranjos. E outra coisa que merece aplausos foi esse vocal de apoio, muito bom, lembrando velhas músicas dos anos 50. Muito nostálgico, muito bom. É uma faixa para cima que fecha o LP original de maneira perfeita. Muito bom momento de Elton John e sua banda. Nota 10 mesmo, sem favor algum.

O disco "Honky Château" chegou nas lojas do mundo em 19 de maio de 1972. Foi sucesso imediato. O conjunto das músicas havia sido gravado em Château d'Hérouville, Hérouville, França, em janeiro daquele mesmo ano. Elton John sempre priorizou viver bem e trabalhar em lugares agradáveis também. Está certo. Os trabalhos foram produzidos por Gus Dudgeon, mas obviamente o prórpio Elton John comandou o show, embora ele pedisse que seu nome fosse retirado dos créditos na produção. Sujeito modesto e muito talentoso esse Elton John.

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

Elvis Presley - Elvis In Atlanta

Outro CD novo que está chegando nas lojas dos Estados Unidos, Europa e Japão é esse "Elvis in Atlanta". É uma edição dupla trazendo os concertos realizados por Elvis em Atlanta (capital do estado da Georgia) nos dias 30 de abril e 1 de maio de 1975. Nessa ocasião Elvis procurou divulgar um pouco seu último disco "Elvis Today" que estava nas lojas naquele momento. Por isso ele canta duas das faixas mais conhecidas do álbum, "My Boy" e "T-R-O-U-B-L-E", que inclusive eram muito bem-vindas renovações em seu repertório musical, que por essa época andava sendo criticado por quase sempre trazer a mesma seleção de músicas, ano após ano. Infelizmente essas duas apresentações estão incompletas, pois não foram gravadas  “See See Rider” e “I Got A Woman / Amen”, sempre presentes nos shows e a introdução "Also sprach Zarathustra", o conhecido tema de abertura de seus concertos na década de 1970.

A capa ficou até bem bonita, com Elvis usando um figurino diferente. Por essa época ele procurou inovar um pouco, deixando as jumpsuits brancas de lado, preferindo esse novo corte, que até lembrava um terno, com cores mais escuras. Interessante que depois de algumas apresentações ele chegou na conclusão de que elas não tinham causado o mesmo impacto de suas antigas roupas de palco. Por isso as descartou. Outro fato digno de nota é que esse novo lançamento do selo FTD vem com qualidade Soundboard, bem superior aos CDs do tipo Audience, porém inferiores às gravações oficiais feitas pela RCA Victor. No geral os dois shows em Atlanta são bons, sem incidentes desagradáveis. Para os colecionadores o CD é uma boa opção, já que traz dois shows ainda inéditos no mercado. Nem em bootlegs eles tinham sido lançados antes. O preço de lançamento no exterior está na média de 32 dólares. Agora é comprar para conferir.

Elvis Presley - Elvis In Atlanta (2017)
Disc 1 - April 30, 1975
01) Love Me / 02) If You Love Me (Let Me Know) / 03) Love Me Tender / 04) All Shook Up / 05) Teddy Bear / Don’t Be Cruel / 06) I’ll Remember You / 07) Help Me / 08) How Great Thou Art / 09) Introductions / 10) My Boy / 11) T-R-O-U-B-L-E / 12) It’s Now Or Never / 13) Let Me Be There / 14) An American Trilogy / 15) Burning Love / 16) Funny How Time Slips Away / 17) That’s All Right / 18) Can’t Help Falling In Love / 19) Closing Theme.

Disc 2 – May 1, 1975
01) Love Me / 02) If You Love Me (Let Me Know) / 03) Love Me Tender 04) All Shook Up / 05) Teddy Bear / Don’t Be Cruel / 06) Help Me / 07) Why Me Lord / 08) Burning Love / 09) Introductions / 10) My Boy / 11) T-R-O-U-B-L-E / 12) I’ll Remember You / 13) Let Me Be There / 14) An American Trilogy / 15) Help Me Make It Through The Night  / 16) That’s All Right / 17) Can’t Help Falling In Love / 18) Closing Theme.

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Raul Seixas - Gita

Esse foi o disco de maior sucesso comercial da carreira de Raul Seixas e também aquele que lhe trouxe maiores problemas. Acontece que os militares, em plena ditadura, implicaram com a letra da música "Sociedade Alternativa". Para os incultos fardados aquilo era música de comunista. Estaria Raul Seixas propondo a formação de uma sociedade comunista no Brasil? Pois é, hoje soa absurdo esse tipo de questionamento, mas na época a barra pesou para Raulzito e seu principal parceiro, Paulo Coelho. Ambos foram chamados para dar explicações no temido DOPS, centro de torturas do porão da ditadura militar, aquela porcaria que assolou nosso país.

De qualquer forma, olhando-se apenas para o que importa (a música) temos aqui alguns dos maiores clássicos do cantor e compositor. Os destaques vão para "Medo da Chuva", que tem uma letra simplesmente maravilhosa, muito impactante; para a canção título "Gita", toda baseada na obra do bruxo inglês Aleister Crowley, auto intitulado "A Besta do Apocalipse" e finalmente para "O Trem das 7", mostrando todo o lado sertanejo e brejeto do roqueiro baiano. "Loteria da Babilônia", com seu jogo de palavras sempre me lembrou de Bob Dylan. Então é isso, "Gita" é o exemplo do grande talento desse tal de Raulzito.

Raul Seixas - Gita (1974)
1. Super-Heróis
2. Medo da Chuva
3. As Aventuras de Raul Seixas na Cidade de Thor
4. Água Viva
5. Moleque Maravilhoso
6. Sessão das 10
7. Sociedade Alternativa
8. O Trem das 7
9. S.O.S.
10. Prelúdio
11. Loteria da Babilônia
12. Gîta

Pablo Aluísio.  

terça-feira, 20 de fevereiro de 2024

Pink Floyd - Meddle

Esse disco faz parte daquela seleta lista dos maiores álbuns da discografia do Pink Floyd. É um dos dinossauros sagrados do grupo. E o seu status cult começa logo na capa, com longas e intermináveis discussões em fóruns de internet. O que seria isso na capa? A orelha de uma vaca? O traseiro de um porco de raça? Quem sabe... o mistério faz parte do jogo, não é mesmo? Se fosse óbvio não teria graça. Tirando todo esses detalhes periféricos de lado, vamos para as músicas que é no final das contas o que realmente importa.

São apenas seis faixas. Eu particularmente não diria que esse é um dos meus discos preferidos do Pink Floyd, porém negar sua importância histórica seria um erro absurdo. A minha música preferida aqui é justamente a que abre o disco, "One of These Days" do David Gilmour. Ele sempre foi o meu guitarrista preferido e aqui prova que grandes clássicos muitas vezes nascem de pequenos detalhes, com poucas notas musicais. Essa música inclusive seria uma das poucas do repertório que o David Gilmour iria usar no palco, nos memoráveis concertos do Pink Floyd ao vivo nos anos 80. Já para quem aprecia o lado mais experimental do grupo, o lado B inteiro tem apenas uma faixa, "Echoes". Um grande retalho musical para o ouvinte viajar pelo universo do Pink Floyd.

Pink Floyd - Meddle (1971)
One of These Days
A Pillow of Winds
Fearless
San Tropez
Seamus
Echoes

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

Eagles - Their Greatest Hits (1971 - 1975)

Qual foi o disco mais vendido da história? Acredite, por anos e anos foi justamente esse "Their Greatest Hits" do grupo americano de country rock Eagles! No total esse álbum vendeu 18 milhões de cópias e isso quase que exclusivamente nos Estados Unidos. Assim percebemos como o Eagles é bem maior dentro das fronteiras do Tio Sam do que no resto do mundo. Dentro dos Estados Unidos o Eagles é considerado um dos maiores grupos de rock da história. No resto do mundo eles são apenas encarados como uma boa banda dos anos 70. Injustiça!

Pois bem, aqui nesse disco temos os maiores sucessos do grupo em sua fase de maior criatividade e maior sucesso comercial. Os membros eram jovens, estavam compondo suas melhores músicas e eles estavam surfando na onda do sucesso. É o auge deles como grupo, sem dúvida. Some-se a isso a formação clássica, considerada a melhor do grupo em todos os seus anos de carreira. Se você é um ouvinte ocasional do Eagles, que não faz questão de colecionar a discografia deles, esse álbum vai satisfazer todas as suas pretensões. Já se você quiser ir mais a fundo da música do Eagles, bem nesse caso o disco vai soar bem superficial mesmo. É tudo uma questão de ponto de vista.

Eagles - Their Greatest Hits (1971 - 1975)
Take It Easy
Witchy Woman
Lyin' Eyes
Already Gone
Desperado
One of These Nights
Tequila Sunrise
Take It to the Limit
Peaceful Easy Feeling
Best of My Love

Pablo Aluísio.

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Cream - Fresh Cream

O Cream foi um grupo de blues rock inglês da década de 1960 que não durou muito mas influenciou um monte de artistas que vieram após seu surgimento. O conjunto nasceu por acaso. Durante uma carona dada a Eric Clapton o músico Ginger Baker comentou que gostaria de formar uma nova banda pois estava insatisfeito com o grupo que tocava. Isso veio bem de encontro ao que também sentia Eric Clapton. Ele estava no Yardbirds mas não se sentia mais à vontade por lá. Como eles estavam pensando em mudar de ares resolveram apostar na nova ideia, com a formação de um grupo de rock mais livre, sem amarras e compromissos impostos pelas gravadoras. Clapton sugeriu assim a contratação do baixista Jack Bruce e então eles começaram os primeiros ensaios. Estava nascendo o Cream, cujo nome já dizia tudo, pois eles se consideravam a nata, o creme do mundo musical de sua época. No Cream Clapton finalmente teria liberdade para tocar o que bem entendesse, com foco, é claro, no blues mais tradicional que ele adorava. Já Ginger Baker procurava por um som mais ácido, pesado. Dessa combinação de vários estilos nasceu uma sonoridade única que segundo especialistas daria origem tanto ao rock progressivo como ao Heavy Metal dos anos 70. A liberdade de criação do Cream foi o grande diferencial.

Hoje em dia o Cream é considerada uma das superbandas da história do rock mas em seu começo as coisas eram bem diferentes. Quando gravaram esse primeiro disco ainda eram completamente desconhecidos nos Estados Unidos (só depois da gravação foram à América em busca de projeção e sucesso). "I Feel Free", uma canção símbolo dessa fase, não entrou no álbum em sua primeira edição, sendo lançada em separado, como single, para tornar o som da banda mais popular entre os ingleses. Deu certo. Mesmo em uma gravadora pequena eles conseguiram chamar a atenção do público e emplacaram um sexto lugar entre os mais vendidos. A partir daí o Cream decolaria mas infelizmente o grupo implodiria apenas três anos depois, fruto das constantes brigas entre Ginger Baker e Jack Bruce. Clapton que já tinha vivenciado algo parecido com o Yardbirds nem pensou duas vezes, pegou seu boné e foi embora causando o fim do Cream. De qualquer maneira isso não importa pois o registro continua para a eternidade. Cream é um som maravilhoso que não pode ser ignorado por verdadeiros fãs de rock. Se ainda não conhece corra para conhecer!

Cream - Fresh Cream (1966)
I Feel Free
N.S.U. (Non-Specific Urethritis)
Sleepy Time Time
Sweet Wine
Spoonful
Cat's Squirrel
Four Until Late
Rollin' and Tumblin
I'm So Glad
Toad

Pablo Aluísio.

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

Janis Joplin - Janis Joplin's Greatest Hits

Janis Joplin - Janis Joplin's Greatest Hits
Sempre que eu coloco um disco da Janis Joplin para tocar eu me surpreendo com o que ouço. Ela era uma americana do Texas, com problemas de autoestima. Uma garota branca até bem normal de seu tempo, incluindo aí sua fase dentro do movimento hippie. Entretanto quando ela começava a cantar a impressão que sempre tive foi a de ouvir uma cantora negra de blues e jazz. Nesse aspecto ela tinha semelhanças com Elvis, pois eram artistas brancos que soavam e tinham um estilo mais voltado para a cultura preta dos Estados Unidos. Infelizmente sempre achei sua discografia muito bagunçada. Ela fez parte de diversos grupos e em cada um deles lançou um disco. Muitos desses álbuns foram lançado por selos obscuros e depois de alguns anos se tornaram raros de encontrar. Por isso colecionar seus discos nunca foi algo fácil de se fazer. 

Por essa razão não me admiro pelo fato de que seu disco mais vendido foi justamente esse aqui. Uma coletânea de seus maiores sucessos. Um disco que vendeu tanto na época que levou disco de platina. Um sucesso comercial em vinil que a Janis Joplin nunca alcançou em vida. Claro que foi uma bem bolada jogada de marketing de sua gravadora, lançado três anos após sua morte precoce, de overdose de drogas, com apenas 27 anos de idade. Outro aspecto a se considerar é que o som da Janis Joplin não é indicado para todos. Ela tinha esse estilo visceral de cantar, que para muitos vai soar como alguém desesperado ou exagerado demais no microfone. Era o estilo dela. De qualquer forma vale a referência, nem que seja por esse grande sucesso com a marca de seus maiores sucessos. A Janis Joplin merecia esse reconhecimento comercial, ainda que póstumo. 

Janis Joplin - Janis Joplin's Greatest Hits (1973)
Piece Of My Heart
Summertime
Try (Just A Little Bit Harder)
Cry Baby
Me And Bobby McGee
Down On Me
Get It While You Can
Bye, Bye Baby
Move Over
Ball And Chain

Pablo Aluísio. 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

The Doors - Morrison Hotel

Em 1970 Jim Morrison já tinha ultrapassado todos os limites. Ele já havia sido preso, processado e execrado pela mídia por causa de alguns concertos muito loucos que havia feito ao lado de sua banda. Não havia mais espaço para a inocência. Quando não estava sendo massacrado pela imprensa ou prestando depoimento em algum tribunal, Jim procurava relaxar. Seu lugar preferido para isso era o bar mais próximo. Quanto mais vagabundo fosse o boteco, melhor para Jim. Ele adorava passar horas e horas ouvindo blues, bebendo muito, nesse tipo de lugar. E foi em um desses bares que ele teve duas ideias que pareciam brilhantes: um disco mais visceral, cru, com muitos blues intitulado simplesmente "Morrison Hotel", justamente o mesmo nome de um dos botequins que Jim mais apreciava.

Os Doors estavam mesmo precisando cumprir seus contratos com a gravadora. Desde que Jim tinha se metido em apuros legais, ele não havia entrado mais em estúdio. A lata estava vazia! O problema para os produtores era conseguir levar Jim para trabalhar sem que ele estivesse completamente bêbado ou narcotizado. Como seu lema preferido dizia: "Os excessos levam aos palácios da sabedoria". Pelos excessos que tinha cometido certamente, naquela altura de sua vida, Jim já poderia se considerar um sábio!

De uma forma ou outra Jim prometeu cumprir o contrato, procurando beber menos durante a semana de gravações do novo álbum (algo que cumpriu apenas em parte pois em algumas faixas o ouvinte podia notar claramente que Jim estava embriagado!). Assim uma semana antes de entrar em estúdio Jim e os Doors se encontraram para os primeiros ensaios. Morrison havia escrito algumas letras, adaptado até mesmo velhos poemas de sua autoria. Como sempre o material era de primeira. Meio ao acaso, administrando o caos, então os Doors começaram a dar os primeiros acordes. O novo disco estava prestes a ser produzido.

1. Roadhouse Blues (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - O álbum "Morrison Hotel" começa com aquele que considero o melhor blues dos Doors, "Roadhouse Blues"! Que grande gravação! Dentro dos estúdios, quando os Doors se entrosavam completamente, eles conseguiam o melhor em termos musicais. Essa faixa é certamente uma das melhores da discografia do grupo, porém uma ressalva é importante. Embora seja uma das melhores gravações dos Doors, a melhor versão de "Roadhouse Blues" não está nesse disco. Uma versão ao vivo, maravilhosa, foi descoberta anos depois. Quem adquiriu o CD com a trilha sonora do filme "The Doors" de Oliver Stone certamente saberá do que estou escrevendo. Essa "Live Version" é seguramente a melhor performance do grupo interpretando esse blues. Contando com o calor e reação do público presente no concerto, esse é seguramente o auge dos Doors em relação a essa música. A Warner Music (atual detentora dos direitos autorais dos Doors) bem poderia lançar uma versão Luxe de "Morrison Hotel" com essa faixa. Ficaria perfeito.

2. Waiting for The Sun (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - Outra que também não fez parte das sessões originais do "Morrison Hotel" foi "Waiting for The Sun". Essa destoa muito das outras músicas desse álbum. Ela foi gravada originalmente em 1968 e sabe-se lá a razão ficou pegando poeira nos arquivos da gravadora em Nova Iorque por dois anos! É uma composição que foi creditada a todos os membros do grupo  (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek e Jim Morrison), embora saiba-se que os que mais contribuíram mesmo para sua elaboração tenham sido Manzarek, Krieger (nos arranjos) e Morrison (na letra e nos versos). Sinceramente falando não gosto muito dessa música porque ela quebra o ritmo de "Morrison Hotel", se mostrando bem fora de rota mesmo da linha dorsal melódica desse disco.

3. You Make Me Real (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - A primeira vez que ouvi "You Make Me Real" eu pensei comigo mesmo que essa canção era alegre demais para ter saído da pena de Jim Morrison. Realmente, o verdadeiro autor desse momento pra cima era o guitarrista Robby Krieger. Ele a compôs após um encontro com uma garota que estava apaixonado há muitos anos. Por isso o tom para cima, contagiante, como se alguém realmente comemorasse aquela noite. Algum tempo depois Jim declarou: "Eu nunca escrevi nem uma linha para You Make Me Real. Acho que Robbie colocou meu nome na autoria da música por amizade ou misericórdia, ou ambos, quem sabe..."

4. Peace Frog (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) -
"Peace Frog" por outro lado traz uma das melhores melodias do disco. Puro swing. Essa é mais uma criação do guitarrista Robbie Krieger que a compôs com sua guitarra (nada de violão ou piano). Por isso se nota o intenso uso do instrumento durante toda a execução. Curiosamente a voz de Morrison foi gravada em dois canais diferentes, dando a impressão de que ele também realiza os vocais de apoio a ele mesmo! Há até espaço para Jim declamar um verso de um de seus poemas. Outro aspecto digno de nota é que a fita original de gravação apresentou um pequeno defeito, o que levou muitos a pensaram que a cópia de vinil que tinham comprado nas lojas estava com defeito de fabricação. Não era! Foi um problema do rolo de gravação dentro do estúdio mesmo. O grupo percebeu o problema técnico, mas o take havia ficado tão bom que foi lançado assim mesmo.

5. Blue Sunday (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - A baladinha "Blue Sunday" não acrescenta muito. Jim, com a voz encharcada de álcool (e outras coisinhas mais) canta a canção com convicção, mas sem maior envolvimento. A letra é um tanto banal, o que nos leva a pensar que foi composta exclusivamente por Krieger, já que Jim não era adepto de letras pueris e banais em excesso. Ele sempre preferia o excesso, até mesmo o barroco em seus textos. Afinal era exatamente isso que o levava aos pilares da sabedoria!

6. Ship of Fools (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - O bom e velho Jim Morrison só retorna mesmo em "Ship of Fools", um blues acelerado que ele pensou enquanto estava em uma mesa de bar da periferia de Los Angeles. No meio dos seus delírios alcoólicos ele escreveu as primeiras linhas. Depois como era de hábito enviou o esboço com cheiro de vodka e maconha para o tecladista Ray Manzarek. Morrison, como todos os fãs sabem, era um grande letrista e poeta, porém não entendia nada de notas musicais ou harmonia. Seu método de trabalho era justamente esse, escrevendo a poesia da música para que depois Manzarek e os demais Doors se virassem para compor arranjos e melodia. O curioso é que como foi provado esse tipo de  parceria sempre funcionava bem.

7. Land Ho! (Robby Krieger, Jim Morrison) - "Land Ho!" foi uma parceria entre Jim Morrison e o guitarrista Robby Krieger. Dentro dos Doors eles tinham uma amizade especial. Krieger sempre foi um cara na dele, introspectivo, até mesmo tímido. Morrison gostava muito dele. Ao contrário de sua relação ruim com o baterista John Densmore, Jim apreciava a companhia e a presença de Krieger ao seu lado. Desses encontros, geralmente no apartamento de Morrison, surgiram composições como essa. "Land Ho!" é uma expressão que significa "Terra à Vista!", sempre dita por marinheiros quando encontravam terra firme. A letra é uma referência indireta ao próprio pai de Jim, que era da Marinha dos Estados Unidos. Claro que para disfarçar um pouco Jim diz na letra que seu avô era um baleeiro, em um universo de ficção, porém fica óbvio desde os primeiros versos a associação com o velho pai. Eles sempre tiveram uma relação muito complicada, a ponto de certa vez Jim mentir durante uma entrevista dizendo que ele estava morto!

8. The Spy (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - "The Spy" por sua vez tem uma carga erótica muito grande, embora quase ninguém tenha percebido isso ao ouvir a canção pela primeira vez. Jim Morrison tinha grande habilidade nas letras, conseguindo transmitir mensagens em linguagem cifrada que poucos conseguiam compreender de imediato. Versos como "Eu sou um espião na casa do amor" não eram tão inocentes como inicialmente poderiam soar. Para pessoas próximas Jim explicou que a letra havia sido escrita após uma aventura sexual pelas noites de Los Angeles (provavelmente com uma prostituta). Para que Pamela, a garota de Jim, não pirasse, ele resolveu colocar tudo sob um véu de metáforas, algumas parecendo simples banalidades românticas. Ficou bonita, com melodia envolvente.

9. Queen of the Highway (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) - "Queen of the Highway" é uma homenagem de Jim às mulheres que conhecia pelas noites de Los Angeles. Diretamente ele não assumia isso por causa de seu relacionamento com Pamela, mas todos sabiam que a rainha da Highway era um protótipo ou uma imagem das milhares de prostitutas que ficavam nas pistas de alta velocidade da cidade para arranjar seus clientes. Jim achava muito interessante o estilo e modo de vida daquelas moças. Durante uma conversa de bar ele chegou a dizer que havia feito a música em homenagem a todas essas mulheres que lutavam por sua sobrevivência nas noites da cidade. Jim as admirava e as respeitava, acima de tudo.

10. Indian Summer (Robby Krieger, Jim Morrison) - "Indian Summer" não foi gravada nas mesmas sessões das outras canções desse álbum "Morrison Hotel". Na verdade essa era uma faixa que estava arquivada na Elektra Records desde o ano anterior. Deveria ter saído como single, mas ficou perdida, no limbo, sem espaço na discografia oficial da banda. Antes que surgisse na praça em algum disco pirata acabou sendo encaixada aqui no disco. Não é um blues como as demais canções. É uma bela balada escrita por Robby Krieger que mais uma vez foi generoso, colocando Jim como parceiro na composição.

11. Maggie M'Gill (John Densmore, Robby Krieger, Ray Manzarek, Jim Morrison) -
Outra canção que também falava sobre as ditas "garotas de vida fácil" era "Maggie M'Gill". Essa segunda música sobre prostitutas já era mais complicada de disfarçar pois Jim resolveu homenagear a Maggie, uma garota que fazia ponto perto do bar onde ele bebia todos os dias. A letra é direta. Maggie contou a Jim que era uma garota do interior que apanhava do pai alcoólatra. Assim resolveu deixar seu passado para trás e foi para as ruas de Los Angeles ganhar sua vida. Jim ouviu tudo atentamente e disse a Maggie: "Farei uma canção em sua homenagem no meu próximo disco!". Promessa que aliás cumpriu justamente aqui nesse álbum, "Morrison Hotel".

Pablo Aluísio.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Rolling Stones - Aftermath

Considerado o primeiro álbum dos Stones a realmente romper com a musicalidade dos primeiros discos do grupo, considerados ainda muito influenciados pelo estilo "Yeah, Yeah, Yeah" dos Beatles. Depois de tantas comparações como essa os Stones perderam a paciência e resolveram provar que não era apenas um conjunto genérico do quarteto de Liverpool. Assim Brian Jones resolveu enriquecer cada faixa do disco, acrescentando inúmeros instrumentos que não faziam parte do cotidiano de uma banda de rock da época. O grupo também decidiu dar um tempo nos covers do rock blues americano, optando por gravar um material 100% próprio com apenas canções compostas pela dupla Jagger / Richards. Nesse ponto queriam provar que poderiam ser tão criativos como a dupla Lennon e McCartney. Como se pode perceber os Beatles, por sua fama e sucesso, tinham se tornando uma sombra sempre presente. O grupo também passava por problemas internos. Brian Jones ainda se considerava o líder da banda, mas a cada dia ia ficando mais ofuscado pela parceria entre o vocalista Mick Jagger e o guitarrista Keith Richards. Foram eles inclusive que resolveram escalar o produtor Andrew Loog Oldham para trabalhar no álbum. Embora ainda fosse uma das mentes pensantes da banda, a verdade pura e simples era que Jones se afundava cada vez mais no abuso de drogas, algo que o levaria a uma morte precoce na piscina de sua casa alguns meses mais tarde.

"Aftermath" nasceu inicialmente como projeto para o cinema pois os Stones estavam interessados em compor trilhas sonoras para Hollywood mas conforme as semanas foram passando Mick Jagger mudou radicalmente de opinião e resolveu levar todo o grupo para os Estados Unidos com a intenção de gravar um álbum convencional. Os estúdios escolhidos pelos Stones foram os da RCA na costa oeste, onde havia a tecnologia necessária para dar a qualidade que eles desejavam para as canções - novamente absorvendo críticas de que seus três primeiros discos não tinham sido muito bem gravados. Além do núcleo central composto por Jagger, Richards e Jones, ainda tocaram com muito empenho no disco os músicos Charlie Watts e Bill Wyman (também eles próprios membros efetivos dos Stones), além dos convidados Jack Nitzsche e Ian Stewart (praticamente um gênio subestimado). O resultado desse esforço coletivo é muito bom pois "Aftermath" deixa bem claro a intenção dos Stones em melhorar seu som em todos os níveis, tanto do ponto de vista técnico como de poesia. Curiosamente a sonoridade providenciada por Brian Jones, que tanto elogios ganhou em seu lançamento, talvez seja o principal responsável pelo álbum ser considerado um pouco datado nos dias de hoje. Para muitos os experimentos de Jones deixaram o LP com baixo teor roqueiro, sendo por essa razão "Aftermath" uma mera relíquia curiosa dos anos 60 hoje em dia. Cabe a cada um tocar o disco para tirar suas próprias conclusões.

Rolling Stones - Aftermath (1966)
Mother's Little Helper
Stupid Girl
Lady Jane
Under My Thumb
Doncha Bother Me
Goin' Home
Flight 505
High and Dry
Out of Time
It's Not Easy
I Am Waiting
Take It or Leave It
Think / What to Do.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

The Beatles - Magical Mystery Tour

"Esse cara nunca vai se dar mal?” – foi com essa frase que Lennon resumiu a situação dos Beatles na época em que o conjunto estava entrando em mais um projeto idealizado por Paul McCartney chamado “Magical Mystery Tour”. John estava obviamente se referindo ao colega de banda que parecia nunca se dar mal mesmo com as idéias mais estranhas para os discos dos Beatles. Depois de Sgt Pepper´s (outra idéia de Paul), ele surgiu com esse conceito que unia novamente fantasia e música. A ideia era colocar várias pessoas dentro de um ônibus com pintura psicodélica para ir filmando as reações delas conforme a viagem acontecia. Não haveria roteiro e nem script, apenas o acaso. Era algo fora dos padrões e isso era justamente o que Paul queria. O projeto seria depois exibido na TV inglesa em um programa especial. Os Beatles surgiriam como se fossem mágicos, bruxos, comandando essa turnê misteriosa e mágica. Lennon achou tudo exagerado e excessivo, uma tremenda bobagem, mas preferiu manter seu descontentamento só para si. Ele também tinha curiosidade em saber até onde Paul iria antes de se dar mal.

Conforme Lennon explicou anos depois em entrevistas essa foi sua pior fase nos Beatles. Não conseguia mais contribuir como antes e se sentia sufocado com a concorrência de Paul que parecia ter uma força de produção sem paralelos. Enquanto Paul surgia em estúdio com dez, doze novas canções, John passava sufoco para surgir com duas ou três, todas inacabadas. A verdade dos fatos revelava um Lennon perdido, desinteressado pelos rumos que os Beatles tomavam e o pior, abusando muito de drogas pesadas o que comprometia seu trabalho nas composições e nas gravações de estúdio. Quando chegou para trabalhar no álbum de Magical Mystery Tour, por exemplo, ele não tinha nada além de esboços que foi aprimorando dentro do estúdio. Um exemplo é “I Am The Walrus”, que ele escreveu às pressas. A letra não tinha sentido nenhum e fazia a linha mais psicodélica que imperava na década de 60. Era uma sucessão de imagens sem sentido, como o “Eggman” e o “Leão Marinho”. Para disfarçar a falta de novas ideias John simplesmente colocou tudo sob uma penumbra de versos obscuros. Já Paul era bem diferente. Ele havia composto a boa canção título e uma bela balada que se tornaria um de seus clássicos absolutos, “The Fool On The Hill”.

A trilha sonora saiu em um compacto duplo na Inglaterra mas os americanos da Capitol, sempre mais espertos e inteligentes em termos de marketing, resolveram lançar um álbum completo com canções de outros singles para completar cronologicamente o LP. Assim no lado B do antigo vinil a Capitol colocou alguns clássicos que só tinham sido lançados em compactos como “Hello, Goodbye", “Strawberry Fields Forever" e "Penny Lane". Sábia decisão uma vez que a morte do vinil também significou a morte desses compactos simples e o álbum idealizado como foi acabou se revelando uma idéia tão boa que depois foi lançado na própria Inglaterra, se tornando assim o disco oficial desse trabalho. 

Já o filme não teve a mesma sorte. Exibido na TV britânica em 1967 não conseguiu agradar a ninguém. A crítica caiu em cima e massacrou o resultado final. Adjetivos como “imbecil”, “estúpido” e “ridículo” foram usados para qualificar “Magical Mystery Tour”. Lennon assistiu tudo de camarote. O fracasso provava que Paul McCartney não era infalível. Agora talvez os demais Beatles o ouvissem com mais atenção. John queria que o grupo voltasse a uma sonoridade mais básica, dos velhos tempos, sem todas essas superproduções concebidas por Paul. Ele queria que os Beatles voltassem a ser uma banda de rock, simples assim. De fato isso seria o tom dos próximos álbuns dos Beatles. A era dos chamados discos “mágicos” tinha se encerrado definitivamente na história do grupo. 

The Beatles - Magical Mystery Tour (1967)
Magical Mystery Tour
The Fool on the Hill
Flying
Blue Jay Way
Your Mother Should Know
I Am the Walrus
Hello, Goodbye
Strawberry Fields Forever
Penny Lane
Baby, You're a Rich Man
All You Need Is Love

Pablo Aluísio.