sexta-feira, 17 de maio de 2024

Michael Jackson - Dangerous

Michael Jackson - Dangerous
O álbum anterior de Michael Jackson intitulado "Bad" havia vendido a metade das cópias de "Thriller". Por essa razão a indústria fonográfica queria saber se Michael Jackson ainda tinha força para vender milhões de discos novamente como havia ocorrido com seu mais famoso e bem sucedido álbum. E ele conseguiu com esse disco "Dangerous" amenizar bastante os críticos que diziam que ele estava em decadência. "Dangerous" vendeu 32 milhões de cópias ao redor do mundo. Ele ainda era capaz de abalar as estruturas da indústria musical. Aliás é bom deixar claro que nenhum disco de Michael Jackson pode ser considerado um fracasso comercial. Até mesmo seu álbum menos vendido ainda era capaz de vender muito mais cópias do que qualquer outro artista de sua época. Isso é um fato inegável. 

"Dangerous" foi lançado em um período complicado de sua vida. Michael Jackson havia se tornado uma celebridade de tabloides e sua música inegavelmente havia ficado em segundo plano. E isso se refletiu nesse disco. Ele é um tanto irregular, alternando grandes momentos, com algumas mediocridades complicadas de engolir. A faixa de maior sucesso foi "Black or White" que pegava carona naquelas polêmicas que diziam que o artista queria ficar branco, renegando suas origens de homem negro. O clip foi um grande sucesso, com uso inovador de computação gráfica. Curiosamente o próprio Michael quase nem aparecia nele. Das músicas do disco as que mais aprecio são "Heal the World" e "Will You Be There". As demais sempre me soaram bem genéricas. Nunca consegui gostar nem ao menos da faixa título do álbum. Enfim, essa é minha opinião sobre esse disco. Foi bem sucedido comercialmente, mas artisticamente falando deixou um pouco a desejar. 

Michael Jackson - Dangerous (1991)
Jam
Why You Wanna Trip on Me
In the Closet
She Drives Me Wild
Remember the Time
Can't Let Her Get Away
Heal the World
Black or White
Who Is It
Give In To Me
Will You Be There
Keep the Faith
Gone Too Soon
Dangerous

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 14 de maio de 2024

Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon

Esse álbum é a obra prima do Pink Floyd. Até hoje impressiona pela criatividade, inovação e som atemporal. Fruto de um trabalho verdadeiramente coletivo, onde todos os membros da banda colaboraram de igual para igual, o Dark Side representa finalmente o caminho que o Floyd vinha procurando desde a saída de seu fundador e mentor Syb Barrett. Enlouquecido pelo abuso de drogas o primeiro líder do Pink Floyd saiu muito cedo de cena deixando os demais membros perdidos, sem saber qual rumo tomar. Nos primeiros anos sem Barrett o Floyd tentou trilhar vários caminhos, gravou trilhas sonoras, flertou com a música puramente instrumental e tentou unir música erudita com Rock. Todas essas experimentações levaram o grupo a ter um som único, inigualável, diferente de tudo o que havia na época. Experimentalismo como dogma musical. 

Foi quando o Rock Progressivo cruzou o caminho dos rapazes do Floyd que eles finalmente entenderam por onde deveriam seguir. E foi justamente lá, no ladro escuro da Lua, que eles finalmente se encontraram musicalmente. O disco nasceu do trabalho árduo de todos os músicos. Antes de Roger Waters enlouquecer com acessos de egomania, a banda conseguiu trabalhar como nunca antes (ou depois). Durante seis meses eles tentaram tudo, experimentaram de tudo, até chegarem a um material que consideravam o ideal para a composição de seu novo disco. O resultado dessa ajuda mútua e solidariedade é um dos discos mais importantes da história do rock. Se há algum trabalho que mereça o adjetivo de “perfeito” esse é certamente “Dark Side of The Moon” do Pink Floyd.

Depois de vários meses de ensaio e gravação o disco finalmente chegou nas lojas em março de 1973. Sua sonoridade ímpar caiu como uma bomba nuclear no mercado fonográfico. Os críticos levaram meses para entender a proposta do disco (alguns não entenderam até hoje) e o Dark finalmente ganhou status de grande arte. Não é para menos, temos aqui um álbum para ser digerido aos poucos, em camadas, sem pressa nenhuma. É como degustar aquele vinho raro de sua adega. Não cabem interpretações superficiais e rasteiras em um trabalho dessa envergadura. Até hoje o disco levanta debates acalorados. Até questões básicas, como por exemplo, qual seria seu tema principal, levanta debates sem fim. Afinal qual é o conceito por trás de “The Dark Side Of The Moon”? É um disco sobre o enlouquecimento de Syd Barrett? É uma sonorização do filme “O Mágico de Oz”? É uma apologia ao uso de drogas lisérgicas? É uma busca de autoconhecimento através da música? Do que diabos o álbum trata? Bom, não responderei a essas perguntas pois cabe a cada ouvinte formular sua própria tese baseado na experiência de ouvir o disco. Tirando as questões metafísicas e filosóficas de lado e focando apenas na questão puramente comercial (Money?), é importante dizer que esse é um dos trabalhos musicais mais bem sucedidos da história com mais de 50 milhões de cópias vendidas após todos esses anos. Sinceramente falando? Esqueça tudo isso e o coloque para tocar – “The Dark Side Of The Moon” é aquele tipo de obra que deve ser mais sentida do que explicada. O sentimento supera a razão nesse caso. Palavras são tão insuficientes. Ouça e embarque em sua própria jornada pessoal. Boa viagem! 

Pink Floyd - The Dark Side Of The Moon (1973)
Speak to Me
Breathe
On the Run
Time
The Great Gig in the Sky
Money
Us and Them
Any Colour You Like
Brain Damage
Eclipse

Pablo Aluísio.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

Stevie Wonder - Send One Your Love

Um dos clássicos do repertório de Stevie Wonder. A canção lançada em single em 1979 conseguiu chegar ao primeiro (e cobiçado) primeiro lugar da disputada parada Billboard Hot 100. Aqui Wonder mostra que finalmente tinha conseguido chegar na fórmula certa para emplacar nas principais paradas americanas e não apenas naquelas mais categorizadas como Soul (na qual sempre reinou).

Nessa época o artista ainda fazia parte da gravadora Motown, aquele selo mitológico tão importante para a música negra dos Estados Unidos. Curiosamente a gravadora tratava seus artistas com mão de ferro mas Wonder conseguiu impor suas decisões, tanto que aqui surge como produtor também, algo que seria impensável nos primeiros anos da Motown, sempre controlando excessivamente todas as gravações a ponto de alguns astros deixarem o selo por se sentirem literalmente sufocados pela ditadura de Berry Gordy.

O que temos aqui é uma balada muito agradável, com ótimo acompanhamento instrumental. A música depois seria inserida no belo álbum "The Secret Life of Plants", até hoje considerado um dos momentos mais inspirados da carreira do cantor e compositor. No lado B para amenizar os custos de produção, Gordy resolveu colocar a mesma canção, só que apenas instrumental. Isso é curioso porque os colecionadores de vinil sabem bem como isso era comum, até mesmo em outros artistas. Uma pena pois o Lado B com músicas inéditas nos singles eram bem mais saborosos, tanto que daria origem a uma expressão que significava justamente isso, belas canções pouco conhecidas. Aqui não temos um lado B nesse estilo mas o single certamente é maravilhoso. Item para colecionador sem a menor sombra de dúvida.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Ringo Starr - Sentimental Journey

Ringo Starr - Sentimental Journey - Certa vez uma jornalista perguntou a John Lennon se ele achava que Ringo era o melhor baterista do mundo! John pensou um pouco e disparou: "Ele não é nem o melhor baterista dos Beatles!". Todos riram. Penso que o único que não riu de verdade foi o próprio Ringo. Por anos e anos ele sempre foi subestimado. Era sempre visto como o baterista mais sortudo do mundo por fazer parte do grupo mais famoso da história do rock e nada mais. Isso porém não conseguiu abalar sua bem humorada personalidade. Hoje em dia o Ringo pode até parecer meio ranzinza e mal humorado (como quando pediu aos fãs dos Beatles que parassem de lhe enviar cartas pois a Beatlemania já havia acabado há mais de cinquenta anos), mas a verdade é que quando jovem ele realmente tinha um bom humor à toda prova, o que sempre lhe valeu a alcunha de ser o alívio cômico dentro do grupo (enquanto os outros tentavam se matar dentro do estúdio ele mantinha a calma, procurando manter um clima ao menos respirável dentro da banda). Quando isso não foi mais possível e os Beatles explodiram ele, como os demais, também partiu para uma carreira solo. "Sentimental Journey", lançado em março de 1970, foi sua primeira tentativa de seguir por esse caminho.

Um disco solo de Ringo Starr tinha que superar dois grandes problemas: O primeiro é que ele nunca foi um compositor consolidado enquanto fez parte dos Beatles. De fato Ringo nunca conseguiu se sobressair no meio de todos aqueles gênios. Ele sabia disso e para falar a verdade nunca tentou. Ao contrário de George Harrison, que com muito esforço conseguiu colocar a cabeça por um breve momento em um ponto pouco acima da genialidade de Lennon e McCartney, Ringo nunca se destacou. O segundo problema para Ringo era mais complicado: ele também nunca foi um bom cantor. Então como segurar as pontas em um disco todo cantado por alguém que nunca foi considerado um bom cantor? Ele certamente não iria passar todo o seu disco solo tocando bateria. Para piorar ele também não era arranjador e nem produtor. Para superar tantos problemas Ringo apelou para seus amigos. Assim Paul McCartney, Quincy Jones, Les Reed, George Martin e até Maurice Gibb (do Bee Gees) ajudaram o Ringão nesse projeto. As canções foram escolhidas pelo próprio Ringo e para não errar ele escolheu apenas a nata, como Cole Porter, Johnny Mercer e Les Brown. O resultado é bom, interessante, mas também nada brilhante. No fundo tudo não passa de um esforço honesto por parte de Ringo em sobreviver musicalmente.

Ringo Starr - Sentimental Journey (1970)
1. Sentimental Journey
2. Night and Day
3. Whispering Grass (Don't Tell the Trees)
4. Bye Bye Blackbird
5. I'm a Fool to Care
6. Stardust
7. Blue, Turning Grey Over You
8. Love Is a Many Splendoured Thing
9. Dream
10. You Always Hurt the One You Love
11. Have I Told You Lately That I Love You?
12. Let the Rest of the World Go By

Pablo Aluísio.

terça-feira, 7 de maio de 2024

George Harrison – All Things Must Pass

Todos sabem que era muito complicado para George Harrison ter algum espaço dentro dos álbuns dos Beatles. Competir com dois gênios musicais como John Lennon e Paul McCartney era algo quase impossível. Assim geralmente o grupo dava o espaço de uma ou duas canções para Harrison dentro dos discos. Era muito pouco para alguém que havia alcançado uma maturidade inegável como compositor e arranjador como George. Sua sina criativa estava sendo reprimida. Essa era uma situação tão evidente que até mesmo John Lennon, com toda a sua arrogância e ar de superioridade, reconhecia. Em relação a Harrison chegou a reconhecer isso ao dizer que “Os discos dos Beatles eram muito limitantes, especialmente para George”. Para se ter uma idéia a própria música que dá título a esse maravilhoso álbum, “All Things Must Pass”, foi vedada pelos demais Beatles. O plano de Harrison era encaixar a canção no álbum “Let it Be” mas ela ficou de fora! Inclusive toda a solidão de George nesse aspecto pode ser conferido no projeto Anthology. Lá o ouvinte encontra uma gravação de George da canção durante os trabalhos de “Let it Be”. Ele surge sozinho, tocando sua guitarra de forma chorosa, numa clara tentativa de chamar a atenção de Paul e John para a música. Não deu certo e ele foi ignorado.

As coisas mudaram quando os Beatles deixaram de existir. Com o fim do conjunto George Harrison teve finalmente toda a liberdade que queria. Ele juntou todas as músicas que tinham sido rejeitadas pelos Beatles por anos a fio e jogou aqui nesse excelente álbum. Afinal se todas as coisas passavam, os Beatles também passariam. Mesmo após tantos anos essa é ainda hoje considerada a obra prima de George Harrison. O disco em que ele colocou tudo o que havia sido reprimido em tantos anos ao lado dos Beatles. Há de tudo na seleção musical, rock da melhor estirpe, músicas instrumentais, letras religiosas e espirituais (não poderia ser diferente em se tratando do mais espiritual Beatle) e uma série de boas canções, algumas brilhantes, outras inofensivas. De brinde algumas composições que George havia criado ao lado de Bob Dylan e que jamais poderiam entrar nos discos dos Beatles por questões contratuais. Para dar uma mão na parte instrumental o cantor trouxe o mágico guitarrista Eric Clapton, que abrilhantou ainda mais o resultado final. “All Things Must Pass” é isso, um belo retrato de um artista ciente de seu talento, seguro de sua musicalidade, mesmo após anos vivendo à sombra da dupla Lennon e McCartney.

George Harrison – All Things Must Pass (1970)
I'd Have You Anytime
My Sweet Lord
Wah-Wah
Isn't It a Pity (Version One)
What Is Life
If Not for You
Behind That Locked Door
Let It Down
Run of the Mill
Beware of Darkness
Apple Scruffs
Ballad of Sir Frankie Crisp (Let It Roll)
Awaiting on You All
All Things Must Pass
I Dig Love
Art of Dying
Isn't it a Pity (Version Two)
Hear Me Lord
Out of the Blue
It's Johnny's Birthday
Plug Me In
I Remember Jeep
Thanks for the Pepperoni

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Paul McCartney - McCartney

Esse foi o primeiro disco solo de Paul McCartney. Os Beatles estavam chegando ao fim e Paul usou esse material quase como um teste de mercado. Na verdade ele tinha certo receio de como seria sua carreira dali para frente. Havia muitas dúvidas e algumas delas soam absurdas hoje em dia. Por exemplo, Paul tinha certa dúvida se ele seria comercialmente viável sozinho. O que todos perguntavam é se Paul poderia dar certo como artista solo. Certo que nos Beatles ele havia sido simplesmente genial mas daria certo sem John, George e Ringo? Será que um disco inteiro apenas com Paul não se tornaria cansativo? Ele teria pique para segurar a onda durante um disco solo? Claro que hoje em dia todas essas perguntas soam sem propósito mas em 1970 elas pareciam bem reais e fortes. Esse primeiro disco de Paul ainda saiu pelo selo Apple. Havia muitos problemas contratuais, processos voando para todos os lados e McCartney lutava para sair das garras de Allen Klein, o desonesto empresário dos Beatles.

O resultado é um trabalho apenas mediano. Paul na verdade não deu 100% de si na gravação desse disco mas sim o jogou no mercado americano e inglês para sentir como seria a reação. No meio da confusão do fim dos Beatles o álbum acabou ganhando uma bela promoção grátis na imprensa e como todos queriam ouvir o primeiro disco solo de Paul McCartney ele acabou fazendo um grande sucesso de vendas. O problema é que também sofreu críticas que incomodaram Paul. Alguns especialistas disseram que o disco, apesar de algumas belas melodias, ainda soava muito cru e sem capricho! Era verdade. McCartney absorveu bem essas críticas e decidiu que era hora de montar uma nova banda de rock, afinal ele se sentia desconfortável de trabalhar sozinho. Para quem sempre havia pertencido a um conjunto isso era mais do que natural. Assim nasceu a ideia que iria germinar e dar origem aos Wings. Mas antes disso vamos tecer alguns comentários sobre as canções do álbum "McCartney" de 1970:

The Lovely Linda (Paul McCartney) - A carreira solo de Paul McCartney começa com essa baladinha em homenagem a Linda McCartney. A letra é tão simplória quanto a melodia, bem, diríamos, bucólica. Paul termina a canção com uma risadinha, bem no espírito descontraído de todas as faixas desse álbum. Despretensiosa sim, mas bem cativante.

That Would Be Something (Paul McCartney) - Essa é bem mais trabalhada, com ótima instrumentação. Paul obviamente toca todos os instrumentos. A canção começa com um belo dueto entre guitarra, baixo e violão. Ótimo arranjo. Só depois a batera entra mas mesmo assim bem timidamente. Perceba que a letra é mero pretexto para acompanhar a melodia. Paul aqui não se importou nem um pouco com o conteúdo da letra, preferindo se concentrar no arranjo.

Valentine Day (Paul McCartney) - Aqui temos uma faixa completamente instrumental. Paul faz experimentos, com destaque para os belos solos de guitarra que vai desenvolvendo ao longo da faixa. Tudo soa como mera improvisação. De certa forma a gravação parece mais uma jam session, uma forma de Paul conferir como ficaria a mixagem de todos os instrumentos depois que ele gravasse tudo separado. Curiosamente a faixa acaba de forma bem abrupta, tal como começara!

Every Night (Paul McCartney) - A primeira boa canção do disco. Aqui temos realmente Paul se empenhando em trazer mais uma daquelas baladas que tanto sucesso fizeram em seus anos como Beatle. A canção tem um maravilhoso refrão, altamente pegajoso, diga-se de passagem (tente apagar da mente, por exemplo, o "Ooh-ooh-ooh-ooh-ooh-ooh" para sentir como é complicado!). Na letra Paul diz que não quer saber de mais nada na vida a não ser ficar ao lado de sua amada a cada noite. Bonito!

Hot as Sun / Glasses (Paul McCartney) - O ritmo desse medley me lembra velhas canções escocesas do século XIX. É outra faixa instrumental totalmente baseada na linha melódica principal, formada de apenas algumas notas - para você entender como Paul era genial em suas composições. Além dos instrumentos de rotina Paul injeta um velho órgão em solos que dão a identidade à canção. Já "Glasses" tem uma linha de letra, sendo que seu arranjo me lembrou imediatamente de algumas gravações do Pink Floyd, o que mostra que Paul andava antenado com o que estava acontecendo na época.

Junk (Paul McCartney) - Uma das preferidas do próprio Paul. Essa ele queria gravar com os Beatles mas criminosamente a canção ficou fora dos registros da banda. Há uma gravação inclusive feita por Paul McCartney nos estúdios Abbey Road. O problema é que havia tantas canções geniais rodando durante as gravações dos discos dos Beatles que até obras primas como essa ficavam de fora. Como bem disse John Lennon o espaço de um LP era muito pequeno para tantos gênios musicais reunidos como os Beatles! Faltaria espaço certamente. Sem dúvida uma faixa maravilhosa.

Man We Was Lonely (Paul McCartney) - Outra preciosidade. Quando gravou esse álbum Paul disse que o tinha gravado para depois tocar no toca-fitas de seu carro, nada mais do que isso. Por isso tudo era tão despretensioso. Bom, após ouvir essa música pinta uma dúvida sobre se isso era de fato verdade. A gravação é ótima, muito bem arranjada e executada, com a ajudinha de Linda McCartney nos vocais de apoio. Paul também duplicou sua voz. O resultado é ótimo, uma gravação completamente profissional, nada amadora como Paul queria fazer crer!

Oo You (Paul McCartney) - Outra jam, bem experimental, diga-se de passagem. A guitarra surge forte, solando e duelando com outra mais ao fundo, um grande trabalho, principalmente para quem tocou todos os instrumentos sozinho (imagine a dor de cabeça para sincronizar tudo isso depois na sala de edição!). Nesse disco em particular Paul parece muito sedento em tocar vários solos de guitarra - estaria ele compensando os anos de Beatles quando tinha que dividir esse tipo de coisa com o colega George Harrison? É bem possível...

Momma Miss America (Paul McCartney) - Outra instrumental. É um rock com uma linha de melodia mais presente. Uma forma de Paul agitar um pouco as coisas no disco para que ele não ficasse muito cheio de baladinhas - coisa que faria John Lennon certamente pegar em seu pé! Outra faixa que traz um belo solo de guitarra Les Paul Gibson by Paul McCartney. Apesar de alguns pequenos espaços em branco considero uma bela gravação. Quatro minutos do mais puro rock ´n´ roll!

Teddy Boy (Paul McCartney) - Outra que quase entra no disco "Abbey Road" mas que foi deixada de lado por John Lennon que considerou a letra muito bobinha. De certa forma ele tinha uma boa dose de razão. A estorinha do garoto Ted parece ser um pouco forçada. No final a música foi salva pela ótima melodia e pelo arranjo primoroso escrito por Paul (embora eu particularmente implique um pouco com os vocais de apoio).

Singalong Junk (Paul McCartney) - A melodia é a mesma de "Junk", só que aqui imensamente melhor trabalhada. É outra faixa completamente instrumental. Paul a gravou pensando em lançar "Junk" como lado A de um single, com essa faixa vindo no lado B (algo bem comum na época). O arranjo aqui é fabuloso mesmo, muito rico e lindamente escrito. Para relaxar a mente do stress do dia a dia.

Maybe I'm Amazed (Paul McCartney) - O grande clássico do álbum. Essa Paul não deixaria para trás como as demais faixas do disco, a levando para seus grandes shows! Certamente um momento essencial nessa fase de sua carreira. Seu arranjo de piano e os vocais ora viscerais, ora ternos, além de um maravilhoso solo de guitarra, torna essa uma das melhores gravações de Paul McCartney em sua carreira. Obra Prima, sem a menor sombra de dúvidas.

Kreen-Akrore (Paul McCartney) - Para quem acha que Paul McCartney nunca gravou rock progressivo na carreira. Ora, basta ouvir essa faixa para entender do que se trata - Paul mandando ver no progressivo mesmo, com clara influência do Pink Floyd de cabo a rabo da gravação. Na época o registro passou despercebido, imagine você! Por essa e outras costumo dizer que se os Beatles tivessem levado a carreira em frente, eles teriam grandes chances de abraçar o progressivo, que queiram ou não, iria dominar as grandes bandas de rock dos anos 70. Era algo, em minha forma de ver, inevitável. O psicodelismo seria deixado de lado e os Beatles iriam certamente entrar em uma disputa com grupos como o Pink Floyd!

Pablo Aluísio.