terça-feira, 29 de outubro de 2024

The Archies - Sugar, Sugar

The Archies - Sugar, Sugar
A música dos anos 60 não se resumia a Beatles, Stones e Rock Psicodélico. Havia também grupos que gravavam o mais puro e saboroso som pop para tocar nas rádios e essas canções se tornavam grandes sucessos, com singles que vendiam mais de um milhão de cópias. É o caso de "Sugar, Sugar", que foi campeã de vendas, indo para o topo da parada de singles da Billboard. E o mais interessante de tudo é que o grupo The Archies nem existia no mundo real. Era um grupo de personagens de desenhos animados. Quando o single foi lançado e virou um hit internacional, a gravadora então recrutou um grupo de jovens atores para fazer shows e cantar ao vivo em programas. Afinal ali estava uma mina de ouro que tinha que ser devidamente explorada. 

E "Sugar, Sugar" foi mesmo um grande sucesso. Eu tenho uma lembrança afetiva com essa música porque tenho claras lembranças de gostar dessa melodia na minha infância. Eu adorava ela quando criança! E o fato de pertencer originalmente a um desenho animado só fortaleceu minha admiração por ela, que tinha uma letra bobinha também, mas que era (e continua sendo) muito agradável de se ouvir. De certo modo era uma prévia do que iria acontecer com grupos como o ABBA que iriam dominar as paradas musicais com um tipo de pop music de melodias que grudavam na mente do ouvinte para todo o sempre! Pena que esse tipo de sonoridade tão agradável tenha se perdido nos dias atuais. Era muito bom ouvir esse tipo de canção. Deixava a alma e a vida bem mais leves!

The Archies - Sugar, Sugar (1969)
Sugar, Sugar
Who's Your Baby?
Get On The Line
Over And Over

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 22 de outubro de 2024

The Beach Boys - Surfin' U.S.A.

The Beach Boys - Surfin' U.S.A.
Eu sou da opinião de que certos artistas são agradáveis de se ouvir porque são simples. A ideia que deu origem a eles são simples. As músicas possuem 3 ou 4 acordes. Esse é o segredo. E poucos grupos musiciais da história da música foram tão exemplificativos disso como os Beach Boys. Eles eram, no começo da carreira, apenas jovens californianos que faziam música para jovens californianos que curtiam surf e praia. Nada mais. Simples como uma prancha de surf. E é dessa fase inicial do grupo que eu gosto mais. Eu sei que eles depois tentaram evoluir como banda, fazendo projetos ousados como Pet Sounds e tudo mais. Porém nada disso me deixou muito satisfeito ao ouvir. Em se tratando de Beach Boys eu prefiro a simplicidade de sua carreira. E seus álbuns dessa primeira fase são irresistivelmente saborosos!

Esse foi o segundo disco do grupo. E seguia basicamente a sonoridade do primeiro. Uma delícia de se ouvir. E para não deixar dúvidas sosbre o que eles queriam, colocaram logo na capa um surfista surfando um grande tubo, em uma grande onda das praias da Califórnia. Assim não tinha do que se reclamar. Era puro Surf Music e nada além disso. Nada intelectual, nada pretensioso, não queriam mudar o mundo com suas músicas, não queriam passar uma mensagem política... não, nada disso. Só queriam curtir um som num dia na praia. Esse sempre foi o melhor que o Beach Boys tinha a oferecer. Uma maravilhosa de se ouvir. 

The Beach Boys - Surfin' U.S.A. (1963)
Surfin' U.S.A.
Farmer's Daughter
Misirlou
Stoked
Lonely Sea
Shut Down
Noble Surfer
Honky Tonk
Lana
Surf Jam
Let's Go Trippin'
Finders Keepers

Pablo Aluísio. 

quarta-feira, 16 de outubro de 2024

Rolling Stones - Now!

Rolling Stones - Now!
Os Stones sempre beberam na fonte do blues e do Rhythm and blues e esse álbum só veio para confirmar isso. O grupo foi no passado e trouxe várias músicas importantes de grandes nomes desse estilo musical. Essa verdadeira ode a um passado que estava se perdendo naquela década levou muitos críticos a tecerem elogios significativos a esse disco. É bom lembrar que grupos de rock naqueles tempos nem sempre contavam com o apoio da crítica. Dizia-se que o Rock era um estilo musical menor e sem muita importância. Que os verdadeiros mestres da música estavam sendo deixados para trás por causa desses roqueiros cabeludos que não tinham nada de bom a oferecer. 

Pois bem, nesse aspecto os Stones mudaram a situação, gravando músicas que eram verdadeiras homenagens a esses nomes do passado. Além disso, não podemos nos esquecer, sempre que um velho músico tinha uma de suas músicas gravada por grupos populares como os Stones, eles mesmo sofriam uma melhora em sua situação financeira. Muitos deles eram músicos negros, desempregados, vivendo de programas sociais pagos pelo governo dos Estados Unidos. Para Mick Jagger esse era um aspecto não dito e nem escrito, mas muito importante. Quando eles gravavam essas músicas, ajudavam também seus criadores. 

The Rolling Stones - Now! (1965)
Everybody Needs Somebody To Love
Down Home Girl
You Can't Catch Me
Heart Of Stone
What A Shame
Mona (I Need You Baby)
Down The Road Apiece
Off The Hook
Pain In My Heart
Oh Baby (We Got A Good Thing Goin')
Little Red Rooster
Surprise, Surprise

Pablo Aluísio. 

sábado, 12 de outubro de 2024

The Doors - L.A. Woman

"Se disserem que nunca a amei, certamente saberão que estão mentindo" - Jim Morrison disse essa frase não em relação a uma mulher ou a uma de suas namoradas, mas sim sobre Los Angeles, a cidade que o acolheu desde que foi para lá, ainda jovem, estudar cinema na universidade da cidade. Assim quando Jim explicou seu ponto de vista ele estava se referindo a "L.A. Woman", sua declaração de amor ao estilo de vida da cidade. Naquela altura os Doors estavam prestes a implodir, literalmente. Na verdade Jim sabia que o jogo estava acabado para ele no grupo. Anos e anos de abusos, confusões em shows, gravações conturbadas e brigas internas tinham destruído a credibilidade do cantor entre seus colegas de banda. Eles indiretamente desejavam que Jim fosse embora de uma vez por todas. O próprio baterista John Densmore já tinham informado a Morrison que os Doors queriam gravar um disco puramente instrumental, o que era praticamente um fora em Morrison pois ele seria desnecessário nesse tipo de trabalho pois não tocava nenhum instrumento. De fato os Doors gravaram dois discos com essa proposta após a saída de Morrison mas ambos os álbuns fracassaram completamente nas vendas.

Jim, barbudo e messiânico, estava mais preocupado naquela fase de sua vida em ir para Paris para escrever poesia e quem sabe virar um escritor em tempo integral, algo que ele sonhava há anos. Para escrever "L.A. Woman" Morrison novamente usou seu talento de estudante de cinema. A letra é obviamente narrativa, como se fosse um roteiro de uma cena de filme. Descritiva e empolgante, essa foi uma das melhores gravações da carreira dos Doors. Como último momento de rebeldia Jim resolveu que a acústica do estúdio estava ruim e resolveu levar seu microfone para dentro do banheiro, sentou em cima do vaso sanitário e mandou ver, com sua voz encharcada de álcool e drogas pesadas. O resultado é visceralmente empolgante. O arranjo é brilhante, pois tenta imitar o som de uma moto acelerando, para logo depois entrar um solo de baixo poderoso (tocado por Jerry Scheff, baixista da banda de Elvis Presley) e a coisa toda decola. Como os Doors não estavam preocupados em serem convencionais gravaram uma faixa de longa duração, com idas e vindas que a tornam absurdamente marcante e vibrante. Uma despedida e tanto de uma das maiores bandas de rock da história.

Pablo Aluísio.

sábado, 5 de outubro de 2024

The Beatles - Abbey Road

Abbey Road (1969) - Fartos do projeto Get Back (que depois seria renomeado para Let It Be) os Beatles resolveram voltar aos estúdios para produzir um novo disco. Paul McCartney reuniu a todos nos estúdios Abbey Road, em Londres, para uma cartada final. Um dos grandes problemas do grupo era a falta de interesse por parte de alguns de seus membros no futuro do próprio conjunto. Lennon estava extremamente envolvido em seus projetos solo ao lado de Yoko Ono e não via mais os Beatles como um projeto interessante. O som que desenvolvia na época tinha mais a ver com a arte de Yoko do que com o som do grupo, tanto isso era verdade que a primeira música gravada nessa nova reunião deles foi justamente The Ballad of John & Yoko, que sairia com Old Brown Shoe logo depois em single. Outra canção das sessões, I Want You (She´s So Heavy), mostrava ainda mais o distanciamento de John de seus companheiros. A música, extremamente experimental, lembrava muito mais a terapia do Grito Primal de Ono do que qualquer outra coisa já gravada pelo quarteto britânico. Até mesmo Come Together revelava a individualidade de Lennon em detrimento do trabalho em conjunto dos demais.

Paul, por sua vez, fez o possível para manter o grupo unido. Apareceu com obras extremamente relevantes, embora bem menos experimentalista que seu amigo Lennon. Recuperou velhas ideias compostas no projeto Get Back, como Maxwell´s Silver Hammer e as colocou em prática, muito embora o excesso de produção em canções como essa tenham irritado John que acusou Paul de super produzir suas próprias composições em detrimento das canções dele, Lennon. Outro ponto de destaque do disco foi a presença extremamente marcante de George Harrison. Something, sua canção no disco, foi rapidamente imortalizada, se tornando uma das mais populares da carreira dos Beatles. Here Comes The Sun, abrindo o lado B do antigo vinil, foi outro ponto positivo, mostrando a todos que o talento de George não era mais apenas potencial mas real e concreto. Até Ringo Starr se arriscou ao apresentar sua simpática Octopus Garden e não fez feio. Este foi o último trabalho dos Beatles e se tornou o canto de cisne destes quatro cabeludos que um dia, em uma era distante mudaram o mundo. Vamos analisar agora canção a canção esse marco na história da música mundial:

1. Come Together (John Lennon / Paul McCartney) - Esqueça a dobradinha Lennon/McCartney. Esta é uma música 100% John Lennon. John sempre disse que o que lhe interessava era o Rock'n'Roll puro e simples, sem grandes produções. Aqui está um exemplo do que ele era capaz. Ele aproveitou o refrão da canção Let´s Get Together, que havia sido composta para a campanha eleitoral de Timothy Leary (o papa do LSD) ao governo da Califórnia e compôs um letra extremamente obscura e exótica. Embora só admitisse essa influência, Lennon acabou sendo processado por plágio anos depois por seu antigo ídolo de juventude, Chuck Berry, que alegava que o ritmo havia sido copiado de seu sucesso You Can´t Catch Me. John acabou sendo condenado na justiça e anos depois, em 1975, a gravaria no disco solo Rock´n`Roll. Come Together conta com os instrumentos tradicionais, que no estúdio ficaram com seus respectivos titulares, ou seja John na guitarra, Ringo na bateria e George na Slide-Guitar. Além disso o sempre versátil Paul também colaborou na percussão e George nos teclados. Anos depois o astro Michael Jackson lançaria sua própria versão no disco History, Present, past and Future.

2. Something (Harrison) - Este disco traz a prova incontestável do grande talento de Harrison como compositor. Foi esta música a primeira de George a ocupar o Lado principal de um single dos Beatles. Anteriormente todos os singles dos Fab Four contavam com composições de Lennon & McCartney como lado A dos compactos. Sem Dúvida George sentia-se colocado de lado pelo enorme talento de John e Paul. Embora seu reconhecimento tenha sido tardio dentro do grupo, Harrison mostrou a que veio, destilando grande talento como letrista e compositor, tanto que anos depois sua música seria imortalizada pelo dois maiores cantores do século XX, Elvis Presley (que a apresentou ao vivo no especial Aloha From Hawaii) e Frank Sinatra. Embora fosse destaque absoluto no disco Abbey Road, Something já vinha rondando os estúdios desde a época do Album Branco. George inclusive chegou a cogitar em usá-la no projeto Get Back mas não satisfeito com o resultado resolveu aprimorá-la um pouco mais. Finalmente quando se reuniram nas sessões de Abbey Road George sentiu-se confiante o bastante para finalizá-la e gravá-la com os demais colegas de banda. Aqui George está no vocal principal e toca piano e guitarra com Paul e John batendo palmas (velha fórmula dos Beatles para ocupar os espaços em branco de suas músicas).

3. Maxwell's Silver Hammer (John Lennon / Paul McCartney) - Uma das canções mais bem arranjadas dos Beatles. Se "Come Together" é uma música 100% Lennon esta é 100% McCartney, tanto que John Lennon nem sequer participou desta gravação. Paul não deixou por menos e tocou guitarra, baixo, fez os backings vocais e o vocal principal e ainda encontrou tempo para adicionar uma harmônica. Ufa! Ele faria o mesmo em seu primeiro projeto solo, McCartney, onde tocaria todos os instrumentos, atuando praticamente sozinho em todas as músicas. Embora a presença de Paul seja absoluta, George deu sua colaboração ao tocar sintetizador (a quatro mãos com George Martin) e guitarra base da música (trabalho que seria do ausente Lennon). Ringo por sua vez tocou sua bateria básica e bigorna.

4. Oh! Darling (John Lennon / Paul McCartney) - Outra de Paul. John Lennon por esta época estava profundamente envolvido com Yoko Ono e de certa forma deixou grande parte da responsabilidade do grupo nas mãos de Paul McCartney. Este fez de tudo para manter a união e o bom astral entre os Beatles (porém não foi bem sucedido). Aqui está outra canção romântica no estilo Macca de compor (que mais tarde seria satirizado por Lennon na Música "How do you Sleep?). Aqui Paul toca baixo e piano, George guitarra e Ringo batera. E onde está John? está com Yoko e também não participa desta música.

5. Octopus's Garden (Starkey) - Ringo aparece como compositor e prova que não é só "o cara mais sortudo do planeta". George Harrison contribuiu muito na composição porém sua coautoria não foi creditada. John dá o ar de sua graça e toca guitarra base. Paul toca baixo e piano e George guitarra solo além de fazer junto com McCartney os sons "marítimos" da canção.

6. I Want You (She's so Heavy) (John Lennon / Paul McCartney) - John ressurge no disco com esta verdadeira tijolada naqueles que o criticavam por seu relacionamento com Yoko. Aqui uma música feita especialmente para a japonesa que virou a cabeça do mais rebelde dos Beatles. Com a palavra Mr.Lennon: "um crítico escreveu dizendo que 'She's so Heavy' era a prova que eu tinha perdido meu talento para fazer letras, que era uma música chata e simples. Quando a gente está se afogando a gente não diz 'Por favor me salve'(...) você simplesmente Grita". Este era o grito de John Lennon ao mundo em 1969.

7. Here Comes the Sun
(Harrison) - Depois do "grito primal" de Lennon as coisas se acalmam um pouco com esta linda música de George Harrison. Esta é a prova definitiva do enorme talento de George como compositor. A Música é excepcionalmente bem executada e demonstra um ótimo resultado final. Aqui George toca violão, sintetizador e canta (com sua voz dobrada em alguns trechos); Paul comparece tocando baixo e Ringo bateria. John apenas dá uma força tocando palmas junto com Paul e George.

8. Because (John Lennon / Paul McCartney) - Uma das obras primas de John Lennon. Aqui ele dá um tempo nos "sons experimentais" e demonstra todo seu maravilhoso talento para compor. Novamente com a palavra John Lennon: "Estava deitado no sofá em casa, ouvindo Yoko tocar a 'Sonata ao luar' de Beethoven. Aí eu pedi: Você pode tocar os acordes de trás pra frente? Ela tocou e eu fiz Because a partir daí. A letra é clara, nenhuma merda, nenhuma referência obscura". Puxa como é fácil para os gênios hein? Aqui John, George e Paul fazem o vocal. Lennon toca guitarra e harpsichord (um instrumento exótico); George toca guitarra e sintetizador e Paul toca baixo.

9. You Never Give Me Your Money (John Lennon / Paul McCartney) - Música de Paul McCartney que traz em sua letra uma clara mensagem para Alain Klein que estava passando a mão nos bolsos dos Beatles quando ele se tornou o responsável pela Apple. Paul toca piano e baixo; John na guitarra; George Harrison no piano, pandeiro e em duas guitarras e finalmente Ringo toca bateria. George Martin ainda arranjou espaço para acrescentar um piano.

10. Sun King (John Lennon / Paul McCartney) - Mais uma de John Lennon. Aqui ele participa efetivamente da gravação tocando maracas, guitarra e providenciando junto com George Martin a inclusão do melotron. Paul comparece no baixo e na harmônica, Ringo na bateria e bongôs e George na guitarra. John quis chegar a um resultado diferente na vocalização da música e por isso as vozes foram dobradas dando a impressão de um pequeno coral de seis pessoas (na realidade foram usados três: Paul, John e George)

11. Mean Mr Mustard (John Lennon / Paul McCartney) - Outra contribuição importante de John. Esta música foi composta por Lennon quando os Beatles estavam na índia e por isso quase foi incluída no disco "The Beatles" (mais conhecido como Album Branco). Aqui além dos instrumentos normais tocados por cada um, Paul aparece nos sinos John maracas e George pandeiro.

12. She Came in Through the Bathroom Window (John Lennon / Paul McCartney) - A música foi composta por McCartney quando os Beatles estavam formando sua gravadora Apple. John Lennon disse em uma entrevista sobre esta canção: "Foi escrita por Paul quando estávamos em Nova Iorque formando a Apple e ele conheceu Linda. Talvez fosse ela que entrou pela janela do banheiro. só pode ter sido ela. não sei. Alguém entrou pela janela do banheiro".

13. Golden Slumbers (John Lennon / Paul McCartney) - A intenção de Paul na arte final deste disco era unir diversas canções diferentes numa "maratona musical". Assim esta música está intimamente ligadas com todas as outras sendo até difícil saber onde termina uma e começa outra. Aqui Paul toca baixo, piano e faz o vocal principal. Foi acrescentada ainda uma orquestra como fundo musical.

14. Carry that Weight (John Lennon / Paul McCartney) - Mais uma de Macca. A melhor parte da música é os solos musicais de George, Paul e John. Aqui os Beatles começam a dar adeus aos seus fãs. Esqueça as bobagens de marketing como o projeto "Anthology", o fim dos Beatles está aqui. Longa vida ao verdadeiro Rock'n'Roll.

15. The End (john Lennon / Paul McCartney) - Pedacinho de música onde os Beatles cantam a bonita mensagem: "E no fim o amor que você recebe é igual ao amor que você faz". perfeito e definitivo.

16. Her Majesty (John Lennon / Paul McCartney) - Muita gente boa confunde pensando que esta canção é na realidade "The End", isto foi causado porque no antigo vinil esta música não foi creditada na capa. Aqui Paul McCartney toca violão e canta sozinho sem os demais Beatles. Por quê? Porque para John Lennon: "Paul McCartney sempre foi um egomaníaco".

Pablo Aluísio

sábado, 28 de setembro de 2024

Marilyn Monroe - Gold Collection

Todos conhecem a atriz Marilyn Monroe mas nem todos conhecem a cantora Marilyn Monroe. Claro que para muitos Marilyn era apenas uma garota esforçada que não fazia feio nos números musicais de seus filmes. Agora seu talento vocal está sendo redescoberto, principalmente nos Estados Unidos, onde vários álbuns foram lançados nos últimos anos reunindo as faixas gravadas por ela. Entre os títulos eu destaco esse "Marilyn Monroe - Gold Collection" que traz mais de vinte canções gravadas por Marilyn Monroe nos estúdios da Fox e Columbia. Além dos CDs o fã de Marilyn ainda é presenteado com inúmeras fotos e encadernação de luxo. A aproximação de Monroe com o mundo da música começou quando os diretores de estúdio perceberam que ela não tinha uma formação artística completa. No mercado americano para ser considerado um ator completo o profissional tem que dominar não apenas a arte da interpretação mas da dança e da música também, mesmo que em relação a esses últimos sejam necessários muitas vezes apenas os conhecimentos básicos. Assim Marilyn foi designada para estudar canto com o jovem maestro Fred Karger. Embora fosse um talento em sua área Karger tinha apenas 32 anos quando começou a dar aulas a Marilyn o que facilitou bastante a aproximação. Sua primeira providência foi dar uma pilha de discos de vinil da cantora Ella Fitzgerald para ela ouvir atentamente em casa. Parece que deu certo.

Pelo que ouvimos aqui nesses registros Marilyn sem dúvida aprendeu bem a lição. Com uma voz terna, suave, mas bem colocada, a atriz consegue ótimos resultados, com destaque para a sensual (e ao mesmo tempo melancólica) "Fine Romance". Outro excelente momento é "Kiss", uma das faixas mais sexys que já ouvi em minha vida. Brincando com sua própria imagem de loira fatal e mito sexual, Marilyn também esbanja charme e ousadia em "Do It Again". O curioso em ouvir Marilyn cantando é perceber que mesmo ela não tendo um excepcional talento vocal conseguia passar por cima de tudo isso levando o ouvinte a ter uma boa sensação em ouvir suas gravações. Isso me lembrou bastante da definição do diretor Billy Wilder que descrevendo Marilyn disse que ela era uma "Amadora profissional". E por mais incrível que isso possa parecer é nisso justamente que se concentra uma das maiores virtudes da Marilyn Monroe cantora, pois a sensação que temos ao ouvi-la é a mesma que teríamos se a estivéssemos ouvindo cantando despreocupadamente em sua casa, enquanto fazia os afazeres diários. Ela nunca soa forçada ou tensa, pelo contrário, ela sempre surge muito natural cantando as músicas. Também é uma pena que Marilyn nunca tenha pensado em levar esse seu lado musical mais à sério. O fato é que ela cantava apenas se isso fosse necessário aos seus filmes. A atriz nunca viu a música como um instrumento valioso em si mesmo. De qualquer forma se tiver a oportunidade não deixe de procurar conhecer esse seu lado tão interessante. Afinal ouvir um dos maiores mitos da história do cinema soltando a voz é além de algo bem raro também muito gratificante.

Marilyn Monroe - Gold Collection (1998)
Ladies Of The Chorus / Anyone Can See I Love You / Every Baby Needs A Da-Da- Daddy / Do It Again / Kiss / She Acts Like A Woman Should / Fine Romance / Two Little Girls From Little Rock / When Love Goes Wrong / Bye Bye Baby / Diamonds Are A Girl's Best Friend / You'd Be Surprised / One Silver Dollar / I'm Gonna File My Claim / River Of No Return / Down In The Meadow / After You Get What You Want / Heatwave / Man Chases A Girl / Lazy / There's No Business Like Show Business / Rachmaninov & Chopsticks / That Old Black Magic / I Found A Dream / When I Fall In Love / Love Happy / Royal Triton Tv Commercial / Marilyn Best Actress / Edgar Bergen / Bye Bye Baby / Diamond's Are A Girl Best Friend (reprise) / Something's Got To Give / Happy Birthday Mr President.

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Elvis Presley

Esse foi o primeiro álbum do Elvis. Era um garotão contratado pela RCA Victor. Iria dar certo? Bem, era uma aposta da gravadora naquele momento. Claro que eu reconheço o grande valor histórico desse disco, mas curiosamente não é o meu preferido do cantor nos anos 50. Esse posto vai para o segundo LP dele, lançado nesse mesmo ano. Eu considero o segundo melhor do que esse primeiro. Não o comprei em vinil nos anos 80, como tantos outros discos do Elvis. Só vim adquiri-lo mesmo já no formato CD quando foi lançado aqui em versão nacional (bons tempos quando isso acontecia nos anos 90).

E quais são os destaques desse álbum? As minhas faixas preferidas fogem um pouco do óbvio. "Blue Suede Shoes" e "Tutti Frutti" foram os grande hits, mas vamos deixar elas um pouco de lado. Eu gosto muito de "I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)" e "One-Sided Love Affair" em que Elvis explorou todos os seus dotes musicais. "I Got A Woman" é um clássico e "Money Honey" é uma grande faixa de rock. Porém a grande música foi herdada dos tempos da Sun Records. Se trata de "Blue Moon", uma gravação atemporal, ainda hoje muito relevante, mesmo em filmes e coletâneas mais modernas. Enfim é isso. O jovem Elvis ainda era um pouco cru, mas o talento estava lá, a ser lapidado. E logo ele deixaria de ser apenas um nome potencial para ser um grande nome da história da música internacional.

Elvis Presley - Elvis Presley (1956)
Blue Suede Shoes
I'm Counting on You
I Got A Woman
One-Sided Love Affair
I Love You Because
Just Because
Tutti Frutti
Trying to Get to You
I'm Gonna Sit Right Down and Cry (Over You)
I'll Never Let You Go (Lil' Darlin')
Blue Moon
Money Honey

Pablo Aluísio.

sábado, 21 de setembro de 2024

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool

Chuck Berry ficou vários anos na prisão. Finalmente em 1963 ele ganhou a liberdade. Quando saiu da cadeia ele percebeu que os grupos de rock que mais faziam sucesso nas paradas, como Beatles e Rolling Stones, estavam gravando vários de seus antigos clássicos. Assim o interesse em sua música estava renascendo. Ao ser preso nos anos 50 uma das coisas que Berry havia dito era que jamais voltaria a gravar pela gravadora Chess, pois era, em suas próprias palavras, uma empresa comandada por um bando de ladrões. Pois bem, ao sair da prisão, falido e sem muitas perspectivas, ele acabou cedendo às pressões e voltou para a Chess para gravar esse álbum. Ele engoliu seu orgulho pessoal para ter uma nova oportunidade na carreira.

O título procurava fazer uma ponte entre o legado de Berry e as novas bandas, por isso a referência a Liverpool, a terra dos Beatles. É claro que havia ali um oportunismo barato por parte dos produtores, mas para Berry o importante era voltar à ativa, voltar a trabalhar. E como era de se esperar o resultado era genial. Em seus anos preso, Berry aproveitou para compor vários temas, muitos deles gravados aqui pela primeira vez. Um repertório fantástico, capaz de derrubar dúzias de bandinhas da moda. Ele era realmente genial. Basta dar uma olhada na seleção para verificar que novos clássicos da geração rocker eram lançados nesse álbum como, por exemplo, "Promised Land" (que Elvis Presley regravaria alguns anos depois), "Merry Christmas Baby" (outra que Elvis aproveitaria, um autêntico blues de natal, composto na amargura de se passar uma noite de natal atrás das grades) e "Little Marie", uma espécie de continuação de "Memphis, Tennessee". Enfim, o disco era mais uma obra prima da discografia de Berry, produzido em uma época complicada de sua vida. A despeito de tudo contra, Chuck Berry mais uma vez provava que ainda era capaz de produzir rock de extrema qualidade. Ser genial é isso aí.

Chuck Berry - St. Louis to Liverpool (1964)
1. Little Marie 2. Our Little Rendezvous 3. No Particular Place to Go 4. You Two 5. Promised Land 6. You Never Can Tell 7. Go Bobby Soxer 8. Things I Used to Do 9. Liverpool Drive (instrumental 10. Night Beat (instrumental) 11. Merry Christmas Baby 12. Brenda Lee

Pablo Aluísio.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Dean Martin - Collected Cool

Dean Martin - Collected Cool
Está sendo lançado nos EUA e Europa um box maravilhoso com 3 CDs e 1 DVD enfocando os melhores anos da carreira de Dean Martin. Uma verdadeira preciosidade. Tudo de extremo bom gosto acompanhado de um maravilhoso livreto informativo com muitas fotos fantásticas e informações preciosas. Para quem é fã do Dino é realmente um dos melhores lançamentos atuais sobre o artista. Quem acompanha meus textos sabe que eu sempre prezo pela discografia oficial lançada ainda quando o cantor estava vivo. Nesse aspecto tudo me atrai, o vinil original, as capas com direções de arte que refletem as tendências artísticas que estavam na moda no ano em que o disco foi lançado e todo aquele sabor nostálgico que geralmente acompanha esse tipo de material. Infelizmente nem todos os grandes cantores do passado tem sua discografia original relançada em novos formatos, o que dificulta muito chegar nos produtos originais. É o caso de Dean Martin cujo legado ficou esquecido durante muito tempo.

Por isso vou aqui elogiar esse box. É obviamente uma coletânea de seus maiores sucessos mas também traz material inédito, o que por si só já é motivo para comemorar. Praticamente todas as faixas foram remasterizadas digitalmente, procurando trazer as gravações para um padrão de qualidade aceitável na atualidade. O trabalho ficou magnífico – basta comparar até mesmo com os últimos CDs lançados de Martin no mercado há cinco ou dois anos. A diferença é realmente marcante. A lamentar apenas a exclusão de muitas gravações excelentes de Martin na fase em que trabalhou na gravadora de seu amigo Frank Sinatra, a Reprise Records. Ao que parece (nada é confirmado oficialmente) há uma disputa judicial sobre os direitos dessas músicas. De qualquer maneira momentos como “Everybody Loves Somebody” acompanhada de um lindo arranjo de quarteto de cordas faz tudo valer a pena. A gravação é deslumbrante! O terceiro CD traz várias gravações ao vivo de Dean Martin em Lake Tahoe e o DVD traz a histórica apresentação de Dean Martin em Londres no mitológico The Apollo Victoria Theatre. Em suma, um trabalho de resgate com muito bom gosto e elegância. Coisa fina.

Dean Martin Collected Cool (2013)
CD 1 - Dean's Spoken Word Introductions / My Own, My Only, My All / Powder Your / Face With Sunshine (Smile! Smile! Smile!) / I Don't Care If The Sun Don't Shine / That's Amore / If I Could Sing Like Bing / Sway / Long, Long Ago / Memories Are Made Of This / Pardners / Volare / Rio Bravo / On An Evening In Roma / Sleep Warm / Ain't That A Kick In The Head / Just In Time / Arrivederci Roma / Return To Me / A Hundred Years From Today / CD 2 - Tik-A-Tee, Tik-A-Tay / Senza Fine / Who's Got The Action? / Guys And Dolls / Marina / Everybody Loves Somebody / The Door Is Still Open (To My Heart) / You're Nobody 'Til Somebody Loves You / In The Misty Moonlight / Sophia /  Send Me The Pillow You Dream On / In The Chapel In The Moonlight / Welcome To My World / Houston / I Will / Somewhere There's A Someone / My First Country Song / LA Is My Home / CD 3 - Drink To Me Only With Thine Eyes / Almost Like Being In Love / I Love Tahoe (Paris) / My Kind Of Girl / Break It To Me Gently / Rock-A-Bye Your Baby With A Dixie Melody / Primrose Lane / You Are Too Beautiful / Carolina In The Morning / Love Walked In/ I Love Being A Girl / Beautiful Dreamer / You Made Me Love You / It Had To Be You / Nevertheless / I'm Gonna Sit Right Down And Write Myself A Letter / Volare / On An Evening In Roma / I Love Paris.

Pablo Aluísio. 

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra

O tema desse álbum de Frank Sinatra é a lua, ou melhor dizendo, a lua dos namorados. São canções românticas que evocam romantismo em cada momento. Um disco conceitual? Bom, eu poderia classificar como uma coletânea conceitual, já que as canções escolhidas pelo próprio Sinatra não foram compostas em conjunto para a elaboração de um disco específico. Pelo contrário são músicas citando a lua, mas de períodos e compositores bem diversos. Inegavelmente o conjunto ficou bonito, mas sem essa coisa de tentar criar algo mais substancial do que realmente é. Assim temos uma coleção de lindas músicas românticas na voz incomparável de Frank Sinatra.

Historicamente o cantor teve o melhor período de sua discografia na Capitol Records. Depois ele brigou com os produtores e decidiu que iria abrir seu próprio selo. Nasceu assim a Reprise Records. Trabalhando por conta própria, sendo ao mesmo tempo artista e empresário, Sinatra não perdeu tempo. Levou sua própria equipe musical do período em que gravava seus álbuns na Capitol para a nova gravadora. Entre esses músicos estava o amigo e parceiro Nelson Riddle, acompanhado de sua fabulosa orquestra. Relembrando que na Capitol o talentoso Riddle nunca teve o espaço merecido. Ele era - pasmem! - considerado apenas um maestro substituto dentro do selo. Era do banco de reservas. Na Reprise ele seria do time principal, com o status que merecia. E como não poderia deixar de ser, novamente foi brilhante ao lado de Sinatra. Esse disco aqui demonstra muito bem isso, nessa nova fase. O mesmo talento, a mesma elegância em cada nota musical. É mais um dos grandes discos de Frank Sinatra, aqui em casa nova.

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra
Cantor: Frank Sinatra
Álbum: Moonlight Sinatra
Selo: Reprise Records
Data de Gravação: Novembro de 1965
Produção: Sonny Burke
Local de Gravação: Hollywood, Los Angeles
Data de Lançamento: Março de 1966

Frank Sinatra - Moonlight Sinatra
1. Moonlight Becomes You (Johnny Burke / Jimmy Van Heusen)
2. Moon Song (Sam Coslow / Arthur Johnston)
3. Moonlight Serenade (Glenn Miller / Mitchell Parish)
4. Reaching for the Moon (Irving Berlin)
5. I Wished on the Moon (Dorothy Parker / Ralph Rainger)
6. Oh, You Crazy Moon (Burke / Van Heusen)
7. The Moon Got in My Eyes" (Burke, Johnston)
8. Moonlight Mood (Harold Adamson / eter de Rose)
9. Moon Love (Mack David / André Kostelanetz)
10. The Moon Was Yellow (And the Night Was Young) (Fred E. Ahlert /  Edgar Leslie)

Pablo Aluísio.