terça-feira, 26 de dezembro de 2023

Pink Floyd - Atom Heart Mother

Para muitos “Atom Heart Mother” foi verdadeiramente o primeiro disco de rock progressivo da história. Uma tentativa do grupo inglês Pink Floyd em levar o rock a patamares sequer imaginados em seu modesto inicio. De uma música simples, com poucos acordes, tocada por apenas quatro ou cinco músicos para uma perfeita junção com a grandiosidade da música clássica. O que mais impressiona o ouvinte aqui é o grau de experimentalismo e ousadia da banda que não teve receio nenhum de inovar, buscar outros caminhos, trilhar uma sonoridade ainda inédita dentro do rock mundial. Nesse aspecto o Pink Floyd foi completamente revolucionário. Os membros do grupo usaram tudo o que tinham em mãos, sua experiência na fase Syd Barrett e as tentativas posteriores de criar um som próprio, único. O álbum é um impacto ao ouvinte. A primeira faixa (que ocupava todo o lado A do vinil) é uma overdose de arranjos, sons e peças instrumentais. São 23 minutos de perfeita união entre conceitos eruditos e rock! Aqui o Pink Floyd usou de tudo, desde instrumentos clássicos a vocais de ópera. Posso afirmar sem receios que nenhum conjunto de rock tinha sido tão inovador, nem mesmo os Beatles. Genialidade em notas musicais.

Já o Lado B do antigo vinil era um pouco mais familiar e convencional aos ouvidos. “If”, por exemplo, é uma linda balada com melódico dedilhado de violão. Tudo muito suave em ótima vocalização, quase sussurrada. Soa quase como uma proposta de relaxamento após o monumental Lado A do disco. Sendo sincero se não fosse as guitarras ao fundo, “If” poderia ser até mesmo classificada como uma doce cantiga de ninar, tamanha sua suavidade. O tom segue na faixa seguinte, “Summer 69” onde Richard Wright mostra todo o seu talento de compositor, pianista e vocalista. Uma canção evocativa que nos transporta imediatamente para aqueles anos maravilhosos. Considero Wright um subestimado dentro da música do Pink Floyd. Não teve o reconhecimento devido. A última canção mais, digamos, convencional do álbum é “"Fat Old Sun" onde quem dá as cartas é o guitarrista David Gilmour. Encerrando esse grande disco temos a psicodélica e cinematográfica "Alan's Psychedelic Breakfast”, uma canção que só poderia ser lançada pelo Pink Floyd mesmo. A palavra chave aqui é vanguarda. Curiosamente o disco passa por uma revisão atualmente. Gilmour e Waters divergem sobre o resultado do álbum em determinados pontos. Para Gilmour o conceito era de fato fantástico mas faltava maior experiência para o Floyd naquele momento histórico. Em sua forma de pensar poderia ter saído melhor. Para Waters o disco é um marco mas não atendeu as suas expectativas. No fundo isso é um exercício de retórica vazia. O disco é um dos mais fantásticos da história do rock, dando inicio a toda uma nova era no gênero. Todo o resto se torna secundário.

Pink Floyd - Atom Heart Mother (1970)
Atom Heart Mother
If
Summer '68
Fat Old Sun
Alan's Psychedelic Breakfast

Pablo Aluísio.

5 comentários:

  1. Um dia eu escrevi num blog de um grande fã e profundo conhecedor dos Beatles e sua obra, que estes tinham de certa forma antecipadado, ainda na decada de '60, nos seus últimos discos, o rock progressivo. Ele me respondeu que de maneira alguma: disse que os Beatles não possuiam a erudição necessária para trabalhar ou executar o rock progressivo. Me calei.

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  2. George Martin tinha conhecimento musical e capacidade de produzir um disco de rock prograssivo, até porque ele tinha uma formação musical clássica. Já os Beatles, não. Tanto que o próprio Paul McCartney confessou em entrevista que eles tinham vergonha pois não sabiam ler partituras musicais!

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    1. Então talvez do ares de rock progressivo dos últimos discos se devam a produção do George Martin.

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