Inicialmente Kurt Cobain quis chamar esse disco de “Eu me Odeio e Quero Morrer!”. Isso mesmo, mais direto impossível. Depois de muitos debates e brigas com a gravadora finalmente ele concordou em desistir do título. Os advogados lhe convenceram que um nome como esse poderia lhe trazer muitos problemas legais, inclusive acusações de incentivo ao suicídio de seus fãs. Mesmo relutando o líder do Nirvana recuou e escolheu o nome de “In Utero” que havia retirado de um verso escrito para uma canção por sua esposa, Courtney Love. Mas afinal porque Kurt Cobain estava tão desiludido com sua própria vida? Na realidade não foi apenas um motivo que o levou a isso mas vários. A gravação do disco ocorreu em uma das fases mais conturbadas da vida do músico. Sua filha Frances acabara de nascer mas ele corria o risco de perder sua custódia por causa de seu abuso de drogas. A justiça americana estava querendo tirar a criança dos cuidados do casal uma vez que o vício em heroína de Cobain havia saído do controle e era de conhecimento público. A luta nos tribunais foi desgastante e penosa. Além de ter a vida exposta ao grande público Cobain começou também a entrar em uma rota depressiva que o levaria em pouco tempo ao suicídio, comprovando tragicamente os sentimentos de sua frase onde afirmava que ele se odiava e queria morrer.
As letras das canções de “In Utero” representam bem esse estado de espírito depressivo de Kurt Cobain. Os temas são sombrios, pessimistas, muitas vezes beirando o mal gosto (como na faixa “Rape Me” cuja tradução literal “Estupre-me” já era auto explicativa). Não era para menos. Pensando bem nada ia bem na vida do roqueiro. Ele sofria de sérias dores de estomago, perdia cada vez mais o senso de realidade pelo abuso de drogas e sentia-se perdido com a fama que havia conquistado. Além disso começou a agir como um perfeito paranóico, comprando armas de grande calibre, afirmando que estava sendo perseguido por “forças ocultas”. E havia problemas de relacionamento com as pessoas mais próximas de sua vida. Um desses era o complicado sentimento que Kurt tinha para com seu próprio pai. Eles tinham ficado anos sem se ver, mas o velho Cobain após o sucesso do Nirvana reapareceu para assistir a um show do filho famoso. Isso perturbou bastante Kurt. O encontro deixou Cobain muito mal. Ele tinha reservas contra sua família e não conseguia ficar à vontade na presença deles. Sem reação resolveu desabafar através de sua música. “In Utero” traz vários versos dedicados ao pai, mesmo que de forma bem indireta e obscura. E para piorar o que já era bem ruim seu estado era deplorável. Ele não conseguia mais reagir aos acontecimentos ao redor, estando sempre chapado ao limite. Em casa ficava o tempo todo drogado, caído pela chão. Ainda foi feita uma tentativa de intervenção sobre sua dependência química mas sem sucesso. O resto já sabemos. Kurt Cobain não conseguiu sobreviver a uma crise suicida e se matou na garagem de sua casa após escrever um bilhete de despedida para familiares e fãs tornando assim “In Utero” seu verdadeiro testamento musical. Uma pena. Foi um fim muito precoce para um artista que marcou época e revitalizou o cenário punk alternativo americano.
Nirvana - In Utero (1993)
Serve the Servants
Scentless Apprentice
Heart-Shaped Box
Rape Me
Frances Farmer Will Have Her Revenge on Seattle
Dumb
Very Ape
Milk It
Pennyroyal Tea
Radio Friendly Unit Shifter
tourette's
All Apologies
Pablo Aluísio.
Music!
ResponderExcluirPablo Aluísio.
O NIrvana pôs abaixo a sofisticação do rock progressivo e a frescura dos rockstars de batom da época e trouxe tudo para o cru do inicio com seus três acordes e botas sujas.
ResponderExcluirVocê tem toda a razão. O Kurt Cobain também tinha essa coisa de ser um punk e o movimento punk foi o primeiro a enfrentar a virtuose do Rock Progressivo. Os punks queriam voltar para as origens do rock, lá no seu começo.
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